sábado, 3 de março de 2012

Trechos de uma poesia esquecida

...

Eu queria te escrever

A coisa mais linda de se ler

Acertar todas as palavras

E formar um doce eu te amo

Queria pintar todos os muros da tua rua

E espalhar pela cidade fotos tuas

Descobrir teus desejos

E revirar o mundo para satisfazê-los

Eu queria qualquer coisa que te fizesse feliz

Até seria capaz de transcender o ego humano

Criar, parte por parte, o homem dos teus sonhos

E colocá-lo na tua porta pela manhã.



(E se fizeram isso comigo?)

Um dos amores que tive e não amei assim

E, se um deles, te criou para me trazer esperança?

(Então eles me amaram tanto e acertaram)



Nada em ti eu mudaria por nada!




E se eu tivesse ficado de cabeça baixa?

Tuas palavras me trouxeram de volta à vida

Enquanto teus sinais, gestos e pele

Mostraram-me do lado de quem eu poderia morrer



...



Vejo teu retrato

Tua boca, teus olhos, teus traços perfeitos

E- juro- não sofro!



Na verdade, vem aquela sensação de impotência

Que eu sinto todos os dias

Quando vejo as injustiças do mundo

então, praguejo os deuses, as deusas, as cartas, a ciência

O tempo, a hipocrisia, o governo, a igreja e seus servos

Resmungo- baixinho- a minha condição humana

A minha não condição em tua vida

Remorso as minhas tantas ausências

Relembro os erros, as bobagens

Para depois silenciar e me render aos sonhos



É lá que te encontro e te deixo

A minha espera todas as noites

Lá não há gênero, títulos e reais

E a gente esboça tanta felicidade

Que eu tenho preguiça de retornar a realidade

...



Como eu poderia desistir de ti?



Tenho que te trazer para cá, Mafalda

Ao teu lado tenho a força necessária

Para revolucionar a mim mesma

E enfrentar todas as balas, granadas e balanças desreguladas

Que vagam pela terra!



...



É! Eu queria te escrever a coisa mais linda de se ler

Que fosse capaz de arrancar do teu coração um sim imediato

Queria me transformar, assim que tu piscasses os olhos, em teu amor



Se não der, pequena

Se não acontecer, se eu nunca te beijar

Ainda assim, és a dona da minha imaginação.

Não vou te negar

Não vou afogar o sentimento na lama do recalque

Vou te amar até o dia que o amor me abandonar

Vou alimentá-lo, vou cuidá-lo para que ele não vá de mim



Talvez um dia...

Talvez tu possas aproveitá-lo de alguma forma



Ou talvez acordes amanhã pensando em mim



E, se der, pequena,

Se acontecer, se eu te beijar

Ainda assim, serás a dona da minha imaginação

Só que a vida será bem mais bonita!

Uma primavera eterna

Só por tê-la ao meu lado

...



Meu corpo clama tanto pelo teu

Que se eu pudesse..

Ah, se eu pudesse descobrir o gosto secreto

Que se esconde entre tuas pernas!

Se eu pudesse segurar teus cabelos

Puxá-los na minha direção, para cima de mim

Ah, se deixasses eu te arrancar as roupas

Eu te arrancaria- também- todos os dias

o gemido efêmero do gozo

Só para te ver tórrida!

E te escutar livre!


E iria, de súbito, a terra do nunca

Que nem me atrevo a tentar descrever aqui

....