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Eu queria te escrever
A coisa mais linda de se ler
Acertar todas as palavras
E formar um doce eu te amo
Queria pintar todos os muros da tua rua
E espalhar pela cidade fotos tuas
Descobrir teus desejos
E revirar o mundo para satisfazê-los
Eu queria qualquer coisa que te fizesse feliz
Até seria capaz de transcender o ego humano
Criar, parte por parte, o homem dos teus sonhos
E colocá-lo na tua porta pela manhã.
(E se fizeram isso comigo?)
Um dos amores que tive e não amei assim
E, se um deles, te criou para me trazer esperança?
(Então eles me amaram tanto e acertaram)
Nada em ti eu mudaria por nada!
E se eu tivesse ficado de cabeça baixa?
Tuas palavras me trouxeram de volta à vida
Enquanto teus sinais, gestos e pele
Mostraram-me do lado de quem eu poderia morrer
...
Vejo teu retrato
Tua boca, teus olhos, teus traços perfeitos
E- juro- não sofro!
Na verdade, vem aquela sensação de impotência
Que eu sinto todos os dias
Quando vejo as injustiças do mundo
então, praguejo os deuses, as deusas, as cartas, a ciência
O tempo, a hipocrisia, o governo, a igreja e seus servos
Resmungo- baixinho- a minha condição humana
A minha não condição em tua vida
Remorso as minhas tantas ausências
Relembro os erros, as bobagens
Para depois silenciar e me render aos sonhos
É lá que te encontro e te deixo
A minha espera todas as noites
Lá não há gênero, títulos e reais
E a gente esboça tanta felicidade
Que eu tenho preguiça de retornar a realidade
...
Como eu poderia desistir de ti?
Tenho que te trazer para cá, Mafalda
Ao teu lado tenho a força necessária
Para revolucionar a mim mesma
E enfrentar todas as balas, granadas e balanças desreguladas
Que vagam pela terra!
...
É! Eu queria te escrever a coisa mais linda de se ler
Que fosse capaz de arrancar do teu coração um sim imediato
Queria me transformar, assim que tu piscasses os olhos, em teu amor
Se não der, pequena
Se não acontecer, se eu nunca te beijar
Ainda assim, és a dona da minha imaginação.
Não vou te negar
Não vou afogar o sentimento na lama do recalque
Vou te amar até o dia que o amor me abandonar
Vou alimentá-lo, vou cuidá-lo para que ele não vá de mim
Talvez um dia...
Talvez tu possas aproveitá-lo de alguma forma
Ou talvez acordes amanhã pensando em mim
E, se der, pequena,
Se acontecer, se eu te beijar
Ainda assim, serás a dona da minha imaginação
Só que a vida será bem mais bonita!
Uma primavera eterna
Só por tê-la ao meu lado
...
Meu corpo clama tanto pelo teu
Que se eu pudesse..
Ah, se eu pudesse descobrir o gosto secreto
Que se esconde entre tuas pernas!
Se eu pudesse segurar teus cabelos
Puxá-los na minha direção, para cima de mim
Ah, se deixasses eu te arrancar as roupas
Eu te arrancaria- também- todos os dias
o gemido efêmero do gozo
Só para te ver tórrida!
E te escutar livre!
E iria, de súbito, a terra do nunca
Que nem me atrevo a tentar descrever aqui
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