sábado, 6 de julho de 2013

felina

de todos os amores que vivi, sobrou o desamor
e, instalada no meu estômago, a náusea sartreana.
Simone o derrotou (talvez)!
tantos nomes me puseram de joelhos, eu sei,
todavia, Sartre, eu, tu, todos
só somos vencidos por nós mesmos

(pausa da ironia: tem meu nome quem atirou-me no peito
e findou, aniquilou, pisoteou todos meus planos, enganos e a minha alegria)

temo que eu nunca encontre a verdade
o seu esconderijo nas almas que conheci
haviam porões, sotãos, quartos secretos
que meus olhos nunca avistaram
entretanto, nunca permiti que a desistência me tomasse conta.

há dentro do meu ventre
a força de um leão
E, diante da tentativa de morte da esperança,
eu pari a resistência

toda força verdadeira, nasce da dor e tem sangue
meus olhos, que são olhos bazuca
explodem o medo
e enfrentam, cotidianamente, o medo do medo

- O que houve? alguém me interroga!
aconteceu a implosão, tombaram-me enquanto escrevia um poema
e meu corpo expeliu, naquele dia, a fraqueza e a derrota
ao pés de quem me esfaqueou com conchavos de amor

eu sorrio, há loucura, não nego
mas não rezo para alguém
meu deus sou eu
e ele é sozinho e feio como uma coruja

Não te aproxima, não é preciso avisar
verás, ao meu ver, que não te quero mais aqui
meus pelos arrepiam-se diante da nojeira
e sou capaz de saltar como um guepardo
fazendo-te sangrar até o fim com uma única mordida
(metralhadora de palavras, mil balas cuspidas com a força da minha boca)
mas faço isso pela frente e te olhando fixamente
Pois sou homem gato, mulher gato.
e me ensinaste com perfeição, professora da desilusão,
que no meu telhado só ha espaço pra mim
e o reflexo da lua.