Leve minha sensibilidade
E dê a um carroceiro!
Raspe meus pelos
E me deixe no frio
Roube tudo que me deixa feliz
E leve pra longe das minhas mãos
Tire de mim
Qualquer ilusão que me faça sorrir
Me deixe vazia!
Oca e sem gosto
Leve também meus olhos
Não quero ver nada
Eu posso me alegrar novamente em vão
Posso mirar alguma mentira doce
Que alimente meu ego
Falando nisso, o leve também!
Este maldito!
Embrulhe minhas culpas
E as jogue aos tubarões
Ou dê a algum padre pedófilo
Assim me sentirei pura!
Totalmente sem pecados
Jogue meus recados perdidos
Diante do povo que não se importa
Coloque meu passado em algum congelador
E depois, taque fogo na minha maior dor
Pra ela derreter
(evidente, desaparecer da minha alma)
Junte toda a sujeira do mundo
E pregue sobre meu nome escrito na árvore morta
Ah, povo cristão!
Que tão má posso ser por ser eu mesma?
Que tão assustadores são meus desejos?
Será muito implorar por algo além de respeito
Então, que carregues meu corpo
Que cuspas no meu rosto na praça imunda
Mas não pense, que me tiraste o gosto de viver
Ou o tesão de ser mulher
Porque, meu bem, é desta forma que saboreio
O verdadeiro gosto do que mais quero!