terça-feira, 27 de outubro de 2009

Distância

E eu nem te vejo

Nem colo minha pele na tua

Nem te faço poemas falando na lua

Não te creio, bem menos

Nem tanto, nem pouco, nem mais

Não penso que serias minha

Nada.

Nosso amor se forma do nada que temos

E teu beijo, que é a única eternidade que me deixarias,

Nem se quer alcançará minha boca

Minha nuca não ficará marcada pelos teus dentes

Nem os lençóis da casa guardarão os vestígios do nosso amor

Mas nos temos, sim

Uma entre a outra, uma sobre a outra

Nesse sentimento sob paixão

Sob amor, maior que toda a explicação já criada

Pra nos fazer entender o que é de fato ser amada

És amada, amada não minha,

mas és amada por mim

Teus pés pisam estradas das distâncias

E me ensinam o tamanho do mundo

Esse mundo tão imenso

É bem pequeno perto do meu coração!

Thais Dornelles

segunda-feira, 19 de outubro de 2009







Ela foi

Foi para nunca mais voltar

Bateu a porta e trancou o passado

Não olhou pra traz

Não suplicou mais uma vez de joelhos

Apenas encarou o espelho

E partiu

Partiu à caminho de outra estrada

Ela foi, foi amar.

Lavou as mãos

Balançou os ombros

Pegou seu perfume, sua roupa

Não deixou telefones, não deixou endereço

Ela foi pra esquecer você!

E vai conseguir

Ela vai ferir, vai curar

E vai amar outro nome

Ela foi com fome

Com sede de felicidade

Ela foi de verdade

E não volta, rapaz

Nem pra lhe dizer olá

Ela está longe agora

E o destino pegou outro rumo

Ela desceu do muro que estava por amar assim

Amor assim, não é amor

Ela foi e nem lhe mencionou

Nem lhe levou junto

Foi cheia de dor

E hoje nem chora mais

Ela foi capaz de cumprir

O que você achou impossível

E agora sorri e você?

Você que era tão dono de si?

Consegue seguir?

Perdeu, e só percebeu quando

O caminho virou um trevo

Onde o asfalto que leva até ela

Fica na contra mão

Na tem mais jeito, partiu um coração

Desfez uma paixão que era eterna

E o pra sempre que soou falso da sua boca

Hoje nem se quer faz parte da vida dela

ela não acredita mais em você

ela não lhe vê mais nas esquinas

nem sente seu cheiro na multidão

e quando seu paradeiro a encontra

ela disfarça, baixa a cabeça e sabe o que pensa?

“Que bobagem, que doença, já me curei”

E você que agora a vê por aí sem ser ela

Você, que beija qualquer boca e sente o gosto dela

Você, que ilude, que mente, que cria uma fantasia

Você concertaria os erros que ela nem cobrou?

Ah, camarada, procure outra

Ela não vai voltar

Já morreu esse amor, já não tem mais alegria

Tudo se perdeu nessa história

Já se apagou até a memória

E o sol dela não vai mais brilhar no teu furacão

Não vai mais acalmar teu mar, teu coração!

Thais Dornelles

quinta-feira, 1 de outubro de 2009


Eu a olho todos os dias

Eu a sinto!

Se a noite foi cruel

ela balança a cabeça pra frente e pra trás

num ritmo que me culpa

cada movimento seu me conta um segredo sombrio

ela fica ali

parece que nunca dorme

parece que nunca come

quando a noite não foi tão cruel como sempre é

ela me sorri, me abana e me joga com os seus olhos verdes

pitadas pequenas de esperança

certa vez, um louco convenceu a humanidade

de que a loucura se encontra mais nos que julgam não a ter

certa vez, um louco nos fez segui-lo

e manchou seu nome na história pra sempre

me desculpa, era um louco

assim como ela, como eu

e como todos que não usam esse crachá de bom cidadão

como todos que não vão se confessar no domingo

e na segunda, pisam as dores alheias da rua

minha esquizofrenia me faz escrever

a desse louco, o fazia ouvir vozes, caminhar sobre a água

como eu acredito na poesia, a vejo, a sinto, a toco

como ele acreditava no que sentia

de fato, era santo porque afinal

se, não somos o que cremos, o que somos?

Ela, quem é ela?Será que nasceu no chão?

No que acredita? Pelo que vive? Será que sonha?

Se, crê em deus, que deus a ajuda?

Quais seus pedidos á ele?

Uma noite de paz sem violência no seu corpo cansado

Um abraço, um carinho, um pedaço de pão

Um sorriso, minha mão?

Sinto infinita tristeza de ser eu e ela ser ela

E aquele louco ter virado esse símbolo doentio

Infinita tristeza por viver entre esses normais

Há podridão nas mãos de todos

E, nas minhas mãos, há loucura indignação

Não pode ser assim

E ninguém entendeu o seu recado

Porque entenderiam o meu?

Que fé é essa que condena aquela mulher a viver no inferno?

Precisa morrer para ir ao paraíso?

E eu me encontro a onde?

Senão no extremo da lucidez e da loucura humana

Hei de ser louca, ela há de ser sã

Ele há de voltar!

Vocês hão de entender!

Thais Dornelles