Era um tiro, era eu segurando a arma
era eu atirando para cima
era eu desviando de mim mesma
era eu...
era eu te chamando
era eu repsondendo que virias
era eu
era eu coberta de vaidade
era eu escrevendo poesias
era sempre eu comigo mesma
era eu escrevendo uma história sozinha
era eu imaginando cenas e inventando pretextos
era eu querendo ser amada
era eu...
era tu me vendo no palco
me observando de longe
era tu olhando para baixo, fingindo não ouvir , não ver
era tu...
era tu vendo a arma, vendo minhas mãos
vendo o disparo que dei no meu coração
era tu te omitindo
era tu mentindo
era eu ensenando uma peça sozinha
que te fez chorar...
mas era eu, era só eu te amando
era tu fugindo
era tu me espiando
era a cortina das janelas fechando
era o espetáculo da tua vida se acabando
era tu me enviando ao sanatório
era minha tristeza...
era nós duas perdidas
tu vestindo a camisa de força
era eu nua, resistindo.
era uma carta, era um presente
era teu não ardente
era a minha rejeição andando
por corredores frios...
era eu chorando
era tu me odiando
eram pessoas estranhas nos julgando
era um interrogatório, era eu te protegendo
era tu me entregando.
era uma paixão, era uma ilusão
eram olhos castanhos que se amavam
e nos sabotavam
era um amor...
era eu amando...
era tu petrificada
era eu plantando flores na tua janela
era tu arremessando esses vasos pela sacada
eram duas loucas.
era a minha boca, era tua nuca
Agora sou eu renascendo, sendo detestável
sou eu te detestando, tu sendo agradável
era só um grande amor
virou um falso bom dia,
sempre foi poesia, só poesia...
sempre será um desejo
Um desejo de nós,
ou o desejo de esquecer para sempre.