domingo, 16 de dezembro de 2012

poema do adeus.



Meu amor é um desrespeito.
Toda a energia que emano, é uma afronta.
Se eu não fosse eu, se soubesse ficar em silêncio,
Meu amor seria apenas um segredo

As trágicas imposições do século XXI
São tão agressivas quanto às antigas.
Romeu e Julieta, eu os entendo,
Todavia não sou nenhum de vocês.
Não precisarei de veneno

Meu amor é estricnina
Por isso que ninguém o quer.
Se eu o gritasse ao universo, os ratos morreriam.
A tristeza do fim da hipocrisia abateria uns tantos.

Meu amor tem a chave da antimonotonia
Todos teriam o que falar por anos e anos.
Meu amor é o remédio para as vidas vazias;
Todos ocupariam seus olhos e não precisariam olhar ao espelho
Meu amor é a revolução;
Ninguém a quer de verdade.

Amor proibido...
Não será vivido,
Virará poesia de se ler nas noites de insônia.
Talvez embale o romance de amantes do futuro.
Assim como eu, eles não entenderão porque não o vivi.
Alguns me julgarão, dirão que deveria ter tentado mais...
A estes, escrevo que a dificuldade existente,
Desmanchou meus braços fortes.
Eu fiz tudo que pude...

Recupero-me, aos poucos, do bombardeio de incertezas que vivi.
Repenso as falhas e chego à conclusão que, de qualquer forma, o final seria o mesmo.
Eu não o viveria!

Agora, vos pergunto:
Porque nasce no peito um sentimento fadado ao fracasso?

Meu coração virou triste, bate pouco, está desanimado.
Cansa rápido, quer se entregar.
Se o coração parar, o corpo morre.
E meu coração está em coma profundo.
 não há, na medicina humana, resposta para acordá-lo.

A entendo por não ter-me estendido a mão, por ter-me negado ajuda.
Mas meus pensamentos ainda são livres
E continuarão com ela.
Eles são pássaros e ninguém os prenderá
Eles voam a cidade em direção à janela dela, não sabem outro caminho.

O desespero é como o fogo: só se alastra se não o detemos.
Aprendi que eu sou o único bombeiro capaz de morrer por mim mesma.
Meu amor levou-me às fogueiras localizadas
Na cidade de Londres de outrora.
Estou queimando há tempos, todos passam, uns julgam, uns solidarizam-se,
Poucos tentam tirar-me do poste,
Porque somente eu posso desamarrar as cordas.

Meu amor é triste, solitário e não interessa a mais ninguém.
Não há um dia que passe em branco
As horas são cheias de cores cinza da fumaça

Estou longe do mar, o calor me derrota.
É na água que eu esfriarei minhas queimaduras, é longe daqui que me curarei.
Vou-me sem rumo, dizem, uns, que rumam ao inferno.
Eu rumo ao céu
Já não suporto mais a dor de queimar.

Eu ouvirei a voz dela uma última vez,
Levarei uma foto pra amenizar, com o conhaque, a saudade.
Adormecerei no asfalto do verão
Que ferve menos que vê-la sem poder tocá-la.

Vou-me embora e talvez não volte.
Se eu não voltar, pelo Porto Triste, voaram os resquícios do que eu senti.
Se eu voltar, voltarei forte, com outro nome e outra vida.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

esteja você aonde estiver...




A chuva e um tanto de tempo pra molhar
O vento que bate pra a gente se secar...

sábado, 3 de novembro de 2012

aqui.


Da depressão contínua
Do crime permanente
Que se estende pela vida
Da dor física, da tortura
Do medo do medo
Da realidade triste
Dos sonhos bonitos
Da falta de ar, do pânico
Da solidão...
Da poesia esquecida
Da disritmia
Da ausência
Do passar dos dias
Do passar das horas
Do caminhar sem sentido
Do silêncio barulhento
Da cidade vazia, das pessoas invisíveis
Do coração cansado
Das lágrimas de vidros
Do corpo dormente
Do suspiro das certezas cortantes
Do inferno eterno, do inverno glacial
Dos mortos vivos, dos vivos que andam mortos
Das ruas sujas, da lua escondida.
Do céu nublado
Do sol que não cura
Da vergonha
Da rejeição diante do espelho
Das almas enjauladas
Do desânimo, das camas desarrumadas
Da falta, das pautas inacabadas.
Do sonho que dói
Da insônia noturna, diurna
Das mentiras, do “eu te amo” falso.
Da pele fria
Dos pés apertados, das mãos trêmulas
Da areia movediça
Da amargura...
Dos peitos de grades de ferro
Dos corações solitários



Ninguém tomará o teu lugar!


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Tu também és de plástico?


Que a vida não te apronte mais...

Hoje eu dormirei ao teu lado. Não te preocupa, não sentirei calores e nem vontade de lamber entre tuas pernas. Hoje dormirei abraçada em ti de modo que essa dor passe. Eu sofri tanto por ti que, hoje, sou forte. Essas pessoas de plástico, descartáveis estão indo para o lixo. 

Vem falar comigo, por favor! Perguntar como eu estou, se eu estou bem. Se tu fizesses isso, eu me ergueria.


Tu não vens...e eu estou indo...
Indo pro bunker.
Vou me alimentar da esperança de um dia te abraçar...

domingo, 28 de outubro de 2012

A noite/1

Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.


Eduardo Galeano

sábado, 27 de outubro de 2012

Eu a quero!




Tenho duas mulheres ao meu lado
Meus braços como um cano de encaixe, as ligam.
O calor do meu corpo serve para mantê-las aquecidas
Tenho duas mulheres, as adoro imensamente.
Cada uma de um jeito distinto
Eu poderia ficar acordada para sempre
De modo que esse momento não passasse
Mas as quero tão bem que me levantarei
Tenho duas mulheres que me amam
Meu desejo de vê-las sorrindo é onipotente
Eu faço tudo por elas, sou delas, porém...

Tenho uma mulher atravessada no meu coração
Ela ocupa espaço por todos os lados
Meu pensamento está nela há tampo tempo
Essa mulher não me permite olhar para as duas mulheres
Que eu tenho nos meus braços
Essas, que imploram os meus abraços, estão invisíveis
Tenho um nome entalado na garganta
Eu tusso, tomo água, provoco o vômito...
Nada faz essa sensação passar
Tenho uma mulher algemada em minhas mãos
Onde toco, a sinto nua.
Se eu soubesse o que fazer
Faria
Eu a pedi que fosse embora
Tenho uma mulher tatuada na minha alma
Mesmo sem vê-la, ela permanece.

Agora...

Duas mulheres me esquecerão
Partirão de mãos dadas, baterão a porta.
Eu as deixarei, não pedirei que fiquem.

Uma mulher fez usucapião do meu coração

Esse momento parece ser o melhor da minha vida
Eu permitirei deixá-lo passar
Abro mão, lavo as mãos, assumo a derrota, entrego os pontos

Uma única mulher é a dona dos meus contos.

Bandeira branca a cima, ajoelho diante da batalha

Uma mulher me fez abandonar a guerra

Porque eu não quero vitórias, mazelas, destaque,

Uma mulher fez-me descer ao bunker

Vou esperá-la sem querer nada

Já que...
nada quero mesmo, ora, além dela!



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

pôr do sol no outono


Eu escorro entre teus dedos diariamente
Entre teus anéis de ouro que não oxidam,
 Mas – no meu coração- há ferrugem.
Vejo o noticiário, olho na minha volta,
Existe alguém como eu?
Talvez tu nem saibas ainda
Eu posso te emprestar meu bisturi
Essa cirurgia só pode ser feita por nos mesmos
E demora.
Entretanto, eu sou capaz de te esperar.

Abra a janela e deixo o sol iluminar tua casa
Apague a televisão, desconecte a internet
Caminhe pelo corredor de olhos fechados
Teu cansaço me corrói
Todas as coisas que tens
Coloque no lixo ou doe para alguém
Tudo que precisas começa com a letra A.
Pedale no gasômetro vendo o sol se pôr
Com o tempo, conseguirás voar.
Teus pés delicados merecem a grama bem mais que esses sapatos caros
Isso só te machuca
Tire os cintos que apertam tua cintura e te moldam
Tua perfeição se dá na imperfeição do teu corpo
Todos os teus detalhes, eu admiro.
Os movimentos da tua boca, a forma como a entortas para sorrir.
Eu preciso de tão pouco para ser feliz
Se teus olhos me vissem com mais de frequência
Se tu os apertasse sorrindo para mim
Me passando qualquer tipo de afeto todos os dias...
Mas a realidade é outra.
E se eu não fosse eu, também não te daria o que queres.
Não usaria gravata e nem esmagaria ninguém por cifrões sem valor
Talvez eu peregrinasse pela África
E transcendesse todo esse amor para alguma causa
Que me fizesse ter, pelo menos, a sensação de que a minha vida não é vã.

Meu pênis emborrachado não é capaz de entrar na competição
Tão pouco eu quero competir.
Eu percebo a deslealdade que há
A pele, nesse caso, é artificial, carece de humanidade.
Minha borracha laranja é bem mais humana.

As crianças sem sapato pela rua são livres
O preço da liberdade é uma vida cheia de riscos e curta
Liberdade não se compra, nena!
O dinheiro é ilusório, dá a sensação de independência, mas só diante das pessoas.
Cada vez mais nos tornamos dependente de coisas.
Eu dirigiria pela America latina no meu carro
Se eu não o tivesse, perderia Caracas.
Perco muito não me adaptando...

De qualquer forma, não estarei ao teu lado.
Todos os pontos de vista, todas as premissas,
Me levam adiante, pra longe de ti.

Minha mão permanece estendida
Mas meu trem já passou pela tua estação!
Se abrires os olhos, me verás no último vagão.
Abra os olhos e vem comigo...
Tudo valeria a pena se tu viesses comigo...
Contigo, minha alma não é pequena!
Minha tristeza é arrebatadora
Nem se eu me submetesse ao diabo da modernidade,
Seria o que desejas.

Eu preferiria ter morrido na dúvida
Do que viver com essa certeza que me mata, baby!
Mesmo assim, ainda assim, eu optaria ver teus olhos de novo e de novo,
como se fosse a primeira vez ou a segunda, mas nunca a última.
Eu percebo a força do que sinto
Quando penso em implorar a deus para que tu venhas ficar comigo.
O desespero da dor
Assemelha-se aos torturados que imploram a morte.
O eco só não funciona contigo.
Bate tua parede de aço e volta amor de mim, pra mim e não por mim.

Dizem que alguém me libertará desse tormento.
Que tormento? Me pergunto.
Te amar é bom, nena, te ver tão pouco é que me mata.
Dá vontade de regredir, de retroagir.
Eu, réu, não tenho esse direito?

Não aguento mais chorar...

Que cor são teus olhos? São castanhos avermelhados ou cor de mel?
São da cor do sol se pondo no outono.

Como eu tenho escolha e posso me abrigar do frio, da chuva,
Tenho o privilégio de odiar o verão e o odeio, sim.
Viver sem ti é um eterno verão de 45º no asfalto.
Tudo queima, nada resolve, por mais que nos acostumemos a dormir suando,
Ás vezes o calor causa a insônia.
Eu me ardo diariamente por ti.

Nem em sonhos mais tu me visitas...
E dizem que os sonhos são o andamento dos pensamentos diários.
Eu não entendo.
O dia começa e tu estás comigo.
Estás sempre comigo, dentro de mim,
E permanecerás...

Thais Dornelles

terça-feira, 23 de outubro de 2012

se eu pudesse...




If I could be who you wanted
If I could be who you wanted all the time

All the time...

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Dulce.

Diante de ti, não sou eu
Sou qualquer um que me domina
E me faz perder o senso, a coragem
Eu me afundo nas tuas palavras
Espero, ansiosa, a pronuncia do meu nome em tua boca
Contorço de agonia e alegria
A inércia das minhas mãos que não podem te acariciar...
E silencio, enfim, para melhor te ouvir.
Eu queria, no momento que estou contigo, te dizer
Coisas do tipo: teu pescoço hipnotiza, não consigo pensar
Ou teu nariz arrebitado é tão lindo

Será que existe um começo numa história sem fim?
Diante de ti, sou mais uma- apenas.
Sem teorias, ideologias.
Me ajoelho e, de cabeça baixa, assumo minha dor

Quando saíres por aí, olha à tua volta
De repente, um bilhete cai do céu
De repente, percebas que o sentimento que tenho
É suficientemente forte para alimentar a fome do mundo
e alagar teu coração de amor

Já gostas de mim, o porteiro percebe.
Poderíamos divagar a história, a política por horas e horas...
Isso é tão raro, flor rara!
Por algum motivo, nos cruzamos e permanecemos perto
Mesmo com toda essa distância que existe entre nós.
Se eu pudesse te soprar um recado,
te diriam que - entre sete bilhões de pessoas -
Eu te escolheria!
Que eu pensaria em filhos, que morreria tranquila se tu fosses à mãe dos meus filhos.

Todavia, minha sentença é viver sem ti.
Eu prefiro acreditar que, num dia de sol ou de chuva, virás.
Eu estarei te esperando,

Thais Dornelles

domingo, 30 de setembro de 2012

oi,

vens sempre aqui? é aqui que vens quando sentes falta de mim? ou quando queres saber da minha vida? Vens só por curiosidade? Ou é o tédio corroendo teus minutos, tuas horas vazias? Vens pra saber se ainda te quero e espero? Ou vens porque minhas palavras nessa tela te causam alguma coisa? Porque vens aqui sempre? estás linda nas fotografias, sorridente. encontrou alguém? Alguém com um pênis? E quando estás com ele, pensas como seria estar comigo? E quando ele te lambe e morde, pensas na minha boca? no segundo em que ele segura teus seios e tu, tórrida, geme de olhos fechados, ficas com a imagem embaçada e sem querer acaba me vendo? Porque vens aqui? Tu vens aqui? Se vens, gostas do que escrevo? Gostas de pensar que te escrevo? Pensas que te escrevo algo e que isso que estás lendo é para ti? E se não for pra ti? Quantas mulheres já passaram pela minha vida, porque seria pra ti? E se for pra ti? E se não for? Eu não sei se é ou se não é. sei que se tu vens aqui, é porque gostas da tortura que te causo, é porque sonhas comigo, pensas em mim e me queres de alguma forma.

Tchau.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

naive?


Deixa...
Eu quero mesmo é queimar-me
Nesse teu cabelo de fogo
Derreter-me nessa tua pele de neve
Não me importa
Se teu gosto mata a minha fome
Se teus beijos cessam a minha sede
Eu quero é perder-me mesmo
Por entre tuas pernas
Deixa, mulher!
Deixa que eu deixo também
Vamos, juntas, dar de ombro às consequências
Eu quero mesmo é lamber teus seios
Gozar tuas mãos,
Encontrar-te em outra dimensão
Pra depois, trazer-te de volta mais feliz.
Eu quero o que ninguém quis
Navegar pelos caminhos oceânicos dos teus olhos azuis
A razão é um farol que me avisa dos riscos do alto mar
Vou virar-me de costas e ver-te nua, sorrindo.
Pouco me importa se o que me espera é um naufrágio
De que vale viver sem sentir o que tu me fazes sentir, mulher gato?
Que me adianta uma maresia infinda, uma tranquilidade cotidiana?
Eu quero ir-me à dentro, mar adentro.
pra dentro de ti!
Pra me afogar, já disse e redigo, em ti.

sábado, 15 de setembro de 2012

Toco a vida pra frente...




Voltando ao passado, mas não!
dele só guardo o que aprendi!
Sinto aversão da pessoa que dediquei tanto de mim...
conservadora, garantista, infantil, doente, limitada, covarde
Nem um escravo se ajoelhou tanto diante da vida como tu fazes!
Por certo, não te amei! Amei uma projeção..és uma bosta sem tamanho!
E isso não é recalque do teu não; é a realidade arrobando minha porta
e gritando no espelho: abre los ojos, Thais, ella no es usted a pesar de tener su nombre!

Do presente, tenho dor...
outro nome surgiu, eu me entreguei
Virei as costas pela primeira vez e não ouvi o disparo do revolver!

Vou descobrir o endereço das pessoas corajosas
pra nunca mais sofrer de "covardia alheia"

domingo, 2 de setembro de 2012

Profecia


Eu tive um sonho
Tu me vinhas
Tu, que não conheço ainda
sorria para alguém...
e eu sorri junto!
Teus cabelos tocavam o ombro
os cachos perfeitos
teu rosto era desenhado em detalhes
os olhos redondos e brilhantes
sorriam sozinhos
a boca fina e pequena de repente se transformava
tua pele clara despertou minhas mãos
que queriam tocar-te, alisando teus ombros  devagar
como se cada segundo fosse horas
e cada hora fosse mágica
és parte de mim, estranha!
quando fecho meus olhos, te vejo
Cabelos da cor do sol se pondo, olhos da cor dos oceanos
és tão linda!!!
eu não posso cruzar essas estradas
viver essa vida sem conhecer-te
nem que eu apenas te olhe
te espero, estranha
pra roubar meu coração.

Thais Dornelles

(escrito em 12/2009)

Mujer gato chegou!

domingo, 19 de agosto de 2012

todo o domingo é triste






Doce ilusão minha. Tuas palavras me curaram da dor, mas o amor permanece. Quando falaste que não te conheço, eu entendi. Não conheço racionalmente, mas eu te sinto. Não tenho dúvida de que és tudo que digo. És muito mais, eu sei! Eu queria tanto ter te despertado...
Quero te ver feliz, forte e livre. Quero enviar diariamente para ti, com o vento, esse sentimento que está em mim. Não me admira se eu começar a rezar. Se fizer isso, pedirei pra que encontres o que procuras, pra que sorrias sempre. Aliás, teu sorriso é lindo. Vejo a foto nesse momento e sorrio junto.
Loucura ou não, eu te amo demais, mulher...
Faz tempo que não sonho contigo. Eu conheci alguém e alguém me quis. Por uma semana, mal pensei em ti, achei que estava livre, achei que alguém tinha tomado o teu lugar, como me desejaste, mas não. Teu lugar é insubstituível , já me conformei. Eu, que odeio o conformismo, que era rebelde, aceito a condição de que ninguém tocará. Sempre procurei alguém como eu, puro ego. É estranho, mas acho que somos parecidas...
Dorme bem, não te incomodarei mais...



Me enseñaste a decir mentiras piadosas
Para poder verte a horas no adecuadas
Y a reemplazar palabras por miradas
Y fué por ti que escribí más de cien canciones
Y hasta perdoné tus equivocaciones
Y conocí más de mil formas de besar
Y fué por ti que descubrí lo que es amar
Lo que es amar "

sábado, 18 de agosto de 2012

um conto por ti


Me afoguei no vinho e morri lembrando do teu rosto. Quando cheguei no céu, deus - irônico e tão bêbado como eu – gargalhou. Sentei-me ao seu lado e comecei a falar. Nossa conversa durou dez anos e foi regada de muito uísque com energético. Ao contrário do que todos pensam, no paraíso ninguém voa. Todos permanecem sentados, exceto as crianças que correm por todos os lados, sobem em árvores. Realmente não há ninguém com fome ou frio. É o que o difere da terra. De resto, é tudo igual. Eu perguntei a deus porque eu estava lá e não no inferno.  Ele me disse que vidas terreiras desgraçadas, mereciam um pouco de paz. Eu retruquei afirmando que havia sido feliz, então ele falou o teu nome. Disse-me que chegarias em breve. Eu pedi um cigarro, fiquei nervosa com a novidade, afinal tu estavas chegando. Ele levantou, bateu palmas e plantas de maconha começaram a nascer por todos os lados. Pediu-me minha blusa e mandou-me esquecer do pudor humano. Eu a entreguei, estava com os seios de fora e com uma sensação incrível de liberdade.  Não havia olhares de repressão, todos seguiam iguais. Ao pegá-la, ele a cheirou forte e me encarou. Pensei: deus quer me comer! Disfarcei, fiquei intimidada, era como estar diante do Bukowski e o sentir excitado. Pensei que eu treparia com deus sem problema algum. Levantei a cabeça e olhei forte, mais forte que o olhar de Eva quando viu o tal Adão. Ele aproximou-se e, num piscar de olhos, minha blusa virou um papel de ceda enorme. Eu não contive o espanto e nem a risada. Disse que não saberia fechar um baseado daquele tamanho.  Ele olhou para a grama, abaixou-se e estendeu a blusa no chão. Depois tocou na grama e ela começou a afundar, virou uma pequena rampa. Em segundos, o beck estava lindamente pronto. Ele mandou-me ascender e eu disse: eu não fumo, cara, não consigo respirar. Com um ar debochado ele lembrou-me que eu já estava morta. Como vou ascender? Eu perguntei. Ele mandou-me assoprar a ponta e eu fiz. Minha boca cuspiu fogo e eu traguei o infinito. Transformei-me numa andorinha e o ouvi gritar que meu tempo era curto. Percorri os céus e, de repente, deparei-me com a poluição do homem. Tinha voltado para a terra e tinha asas. Eu voava na velocidade da luz atrás de ti. Pousei na tua janela e te vi triste e sozinha. Rodeada de livros e sem as minhas poesias baratas para nutrir, ao menos, teu ego. Tu escutavas uma das músicas de amor sofrido que eu havia mandado e não expressava nada, absolutamente nada. Bati as asas, bati no vidro com o meu bico de pássaro e tu me enxergaste. Fiquei tão feliz, mas tão feliz em te ver e ser vista por ti que me esqueci às últimas palavras de deus. Tu levantaste e esticou a mão para me tocar. Quando, finalmente, eu sentiria tua pele, voltei a ser mulher, voltei para a pedra onde Eva sentava sozinha. De cabeça baixa e explodindo de tristeza, percebi que deus se aproximava. O fuzilei com os olhos e ele disse-me que não adiantava. Fiquei muito irritada! Já havia chorado tanto e as lágrimas ainda caiam até no paraíso. Acho que ele solidarizou-se comigo. Serviu-me uma taça de vinho tinto feito de uvas roxas gigantes e mandou-me fazer um pedido. Disse-me para pensar bem. Pensei por muito tempo, mais alguns anos e disse: quero um pênis, mais alguns centímetros, pelos no peito e quero voltar para a terra. Deus balançou a cabeça, fazendo sinal negativo e disse-me, de novo, que não adiantaria. Eu insisti e ele sumiu. Um terremoto começou a desmontar todas as estruturas do céu e eu cai, cai e cai. Quando acordei estava num parque, sem roupas, sem nada, era um travesti. Um policial cheirado gritou para que eu me vestisse e eu o disse que não poderia, pois não tinha dinheiro. Fui presa, estuprada e agredida por muitos. Outros me ensinaram uma porção de coisas. Um mutirão de advogados caridosos me tirou da cadeia. Disseram-me que eu não deveria mais ser uma criminosa. Eu não entendi muito bem, mas evidente que não os contei a verdade. Aceitei todas as recomendações e fui embora. Todos me olhavam feio, mas eu tinha um objetivo. Quando te encontrei, fiquei tão feliz que não me contive. Te abracei forte e quando me afastei, vi tua expressão de nojo. Tu abriste a bolsa, pegou uma nota de cinco reais, entregou-me e partiu. O sentimento do ódio tomou conta de mim, joguei o teu dinheiro no chão e disse que não queria. Teu olhar era de pânico. Tu olhaste na volta e percebeu que estávamos sozinhas e, como de costume, fugiu de mim. Eu te segui, pedi que esperasse, mas quanto mais eu falava, mais tu corrias. Eu corri também e então tu começaste a gritar. Eu te peguei forte e tapei tua boca, disse que não te machucaria. Te beijei , mas não senti nada, total, aquela boca não era minha. Arranquei tuas roupas e tu começaste a chorar. Eu expliquei que precisava daquilo, mas nada te acalmava. Então, quando segurei teus seios, ouvi um grito e depois não ouvi mais nada. Estava, novamente, no céu, na maldita pedra do paraíso. Ouvi os passos de deus e perguntei o que havia acontecido e ele me disse que um homem bondoso e corajoso, que te comeria mais tarde, tinha me matado. Eu achei toda aquela experiência um saco, uma balela sem fim. Falei para deus que estava cansada e que, se estava morta, não deveria estar cansada. Pedi um cigarro, mas um cigarro de tabaco e mais uma taça de vinho. Bebi e fumei por mais alguns anos, fiquei muito introspectiva. Deus deve ter passado pelo que eu passara porque tentou inúmeras vezes ser meu amigo, mas eu estava cagando e andando para ele e para todos. Aquele céu era um saco, não tinha noite, nunca chovia. Era uma perfeição aborrecedora. Eu já estava enjoada daquele vinho tão nobre e vomitei por todo o paraíso, cuspi em alguns anjos loirinhos, debochei dos aleijados e deus me expulsou de lá. Fui para o inferno e achei luxo. O diabo me odiava, ninguém fingia interesse na minha história de amor chata. Tudo era sujo, todos eram sujos, eu era suja, uma igualdade absurda. Uma noite, resolvi falar com o diabo. Ofereci minha alma para ter teu corpo. Ele riu da minha cara e me indagou o que ele faria com ela e mandou-me a merda. Eu concordei , não tinha como descordar mesmo. O inferno era muito quente e eu comecei a sentir falta da temperatura ambiente e até do frio. Pensei numa maneira de voltar à terra. Tinha que ser algo muito brilhante: se eu fosse boazinha, ia para o paraíso novamente. Então comecei a conversar com todos, uma espécie de terapeuta. Revindiquei direitos de saneamento básico e qualidade de vida. O diabo ficou puto comigo e me chamou para uma reunião. Disse-me que, ali, quem mandava era ele e que espíritos não egoístas seriam banidos. Eu o enfrentei, ele fez um tsunami, tomei alguns litros de água, ondinhas de nada eu exclamei. Ele perguntou quem eu era para afrontá-lo e eu disse meu nome. Ele disse-me, então, volta para o paraíso sua chata e eu gargalhei. Fiquei do tamanho dos Andes e o disse: isso tudo foi feito com um interesse, seu babaca! Pronto, voltei pra terra! Tudo tinha mudado muito, só que não. Na verdade, todos estavam velhos e enrugados, inclusive eu. Acordei num hospital psiquiátrico com um diagnóstico de esquizofrenia. Devia ter uns 60 anos. Tomei todos os remedinhos para me adaptar ao sistema fajuto e tive alta. Pedi para minha neta levar-me até tua casa e não moravas mais nela. Fiquei maluca e demorei alguns meses para saber teu paradeiro. Quando descobri, afundei na merda mais uma vez. Tinhas morrido. Sentei na cadeira de balanço que havia sido da minha avó e repensei tuas atitudes para saber se estavas no céu ou no inferno e mais uma vez morri por ti. Quando passei pelos portões da entrada do paraíso, deus sorriu e me deu boas vindas. Eu o abracei forte, gostava do cara. Ele perguntou por onde andei e eu disse que ele sabia, ora bolas, deus não sabe de tudo? Sentei-me na pedra outra vez só que dessa vez ela era bendita, me senti bem em estar lá. Alguns dias se passaram e eu me controlei para não perguntar de ti, mas - daí – deus me ofereceu uma tequila. Muito bêbada eu o indaguei com o cu na mão, se tu tivesses ido para o inferno... ai! Ele bateu palmas e parabenizou meu esforço por não ter perguntado antes e gritou teu nome. Lá estavas, linda como o dia que te conheci e como todos os outros que te vi. Vieste sorrindo e pegaste um copo de bebida. Ficamos conversando por anos e anos, frente a frente. Deus não nos deixava em paz, sempre na volta incomodando, um merda. Eu o chamei num canto e perguntei se dava para ele vazar dali por algum tempo. O filho da puta baixou a cabeça e disse que não era permitido sexo entre duas mulheres no paraíso, que não era uma regra dele, mas de cima. De cima de quem, eu gritei, quem está acima de ti, seu viado?! Ele perguntou se eu queria ir para o inferno novamente e lembrou-me que tu não irias. Eu sentei na pedra que voltou a ser uma pedra maldita. Teus olhos me chamavam para perto, tua pele transpirava um cheiro tão bom... Cheguei à conclusão que a única saída que tínhamos era matar deus. Falei isso e tu ficaste um pouco assustada e me indagou como eu faria. Eu disse que não sabia, mas que daria um jeito. Caminhei por anos atrás da planta noz vômica. Quando a encontrei, extrai dela toda a estricnina que podia e voltei. Abracei deus, um abraço sincero, te olhei forte e pedi uma bebida para comemorarmos a minha tão esperada e imposta aceitação do destino. Trouxeste uma cerveja de trigo maravilhosa e começamos a beber. Deus já estava meio borracho e nem percebeu o pozinho branco na taça. Antes de morrer ele apertou minha mão e disse invejar-me. Mandou-me fazer valer a pena todo aquele esforço, eu pedi desculpas e quando fui justificar aquele ato, ele caiu duro na grama. Caminhei na tua direção e te beijei, beijei muito. Tua boca, teu pescoço, tuas mãos. Fiquei meio sem saber o que fazer, então, tu fizeste tudo. Me comeste por anos, em todos os cantos do paraíso e ficamos juntas para sempre.


(escrito no mês de julho/2012)



EU SOU A MOSCA QUE POUSOU EM SUA SOPA !


já já te escrevo e cesso tua ânsia de mim 

não é que não me queiras 
- não não não - 
                                                               não queres a ti mesma!




terça-feira, 14 de agosto de 2012

ven conmigo

Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim”.

"Portanto, mesmo que você cometa a vileza de me deixar sem resposta, num outro de repente a gente se encontra numa esquina, numa praia, num outro planeta, no meio duma festa ou duma fossa, no meio dum encontro a gente se encontra, tenho certeza."



Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias. É agora que quero dividir maçãs, achar o fim do arco-íris, pisar sobre estrelas e acordar serena. É para já que preciso contar as descobertas, alisar seu peito, preparar uma massa, sentir seus cílios. Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar. Não negue, apareça. Seja forte. Porque é preciso coragem para me arriscar num futuro incerto. Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados. É preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos e chocolates. Apague minhas interrogações.


"Acho que fiz tudo do jeito melhor, meio torto, talvez, mas tenho tentado da maneira mais bonita que sei."
CAIO FERNANDO ABREU
                        Tão bom quando encontramos já prontinho o que gostaríamos de dizer. Sempre achei o Caio F, um chato. Um romântico chato. Gosto dessas mudanças drásticas de opinião. Será que eu, agora, sou uma chata? Prefiro isso!Me alegra a ideia de que lês o que escrevo aqui. Sei lá, as vezes penso que mexo contigo fortemente. Que tu não encostas, não te aproximas porque sabes, tão bem quanto eu, que encaixaríamos. Eu queria te dizer algumas palavras olhando bem dentro do teu olho pra desconstruir esse abismo da falta de intimidade. Impossível que não me leves a sério. Eu aceito qualquer uma das projeções menos a que prega a tua falta de crença no meu sentimento. Ele existe. Está aqui. Anda comigo diariamente, me acompanha desde que o sol nasce até o momento em que ele se despede no céu.Eu penso em ti de uma maneira tão pura que não entendo como isso poderia ser questionado. Eu queria te abraçar forte por alguns segundos, sentir teu cheiro, cessar a minha dúvida quanto o teu cheiro e te mostrar que o que tenho em mim - que é teu- é bom! Não tem porque pegar todo esse sentimento e por no lixo. Não tem mesmo! Guarde ele numa lembrança boa, ao menos. Não tem porque fugir, não há nada a temer. Devemos temer a vida sem tentação, eu te diria- se pudesse. Mas não posso, então escrevo. Outra coisa que não podes pensar é que não tive coragem de te pegar pelo braço e te dizer, no mínimo: isso é realidade, embora eu tenha utilizado o meio virtual. Não foi falta de coragem, não. Foi excesso de respeito, de amor. Nunca pegaria do teu braço, nunca te deixaria constrangida com essa coisa toda que eu sinto e tu não queres. É o princípio, né? Respeito. Eu o tenho tanto por ti que até esqueci de me respeitar e, aí, falhei, mas nunca tive a intenção de acertar sempre. Mas eu cuidei do teu nome, cuidei de ti, cuidei do meu amor, sem saber que não estava cuidando de mim. Sinto uma dor forte no peito, uma espécie de facada no meio do coração, quando escuto pessoas falando mal de ti. Olha, eu te entendo, mas tu precisas confiar em mim, deixar pra lá a lógica, os conselhos furados e encostar. Eu não te morderei, se não quiseres. O mais louco é sentir pulsando a impressão de que precisas de mim, de que eu posso te fazer feliz e melhor. Porque, de repente, eu te ajude a compreender o que não compreendes, todos esses medos que sinto vindo de ti, todas essas fugas. Se tu entras aqui e estás lendo isso e estás pensando que sou uma louca, uma maluca, pensa com leveza, fecha os olhos e reflete: porque entrar aqui se não há vontade de nós, de mim em ti, de ti em mim, de uma cerveja- ao menos.? Alguma vontade existe, sim. Se ela está ai contigo, porque não matarmos a minha vontade e a tua juntas? Esquece o resto e vem comigo por meia hora, uma hora, um dia, alguns meses, anos, pra sempre, sei lá, não sei do futuro. Mas vem! Vem comigo que eu te mostro o caminho e coloco meu corpo na frente do teu diante de qualquer risco, diante de qualquer coisa. É assim que se gosta: cuidando. Exatamente como sempre fiz contigo. Até cuidei demais e tudo ficou um pouco vago, um pouco irreal. Zelei demais a tua autonomia, de tal forma que tudo parece uma ilusão. Mas eu tô cansada, visivelmente esgotada. Tô, literalmente, me fudendo, me lixando pro que vão dizer ou pensar. Isso não quer dizer que não me importo e respeito o que tu pensas e sentes. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

na merda...


Eu cobrei um bilhão de coisas sem perceber que, ao impor, perderia o pouco que tinha. Hoje senti uma dor absurda. Passaste por mim, não recebi cara feia e nem sorrisos; recebi indiferença. Todas as outras vezes que cruzei por ti, senti uma espécie de colisão entre loucura e felicidade: teus atos diante de mim me iludiam que, ao menos, eu te deixava nervosa. Não sei bem se por medo ou paixão, mas não sou estúpida! O corpo fala e por mais que as tuas palavras fossem certeiras, teus olhos e teus gestos me diziam o contrário. Hoje não senti nada vindo de ti. Minha amiga disse-me que estavas horrorosa, com um blush roxo que ela pensa ser uma sombra e eu prestei atenção para procurar algo ‘feio’ em ti . Me esforcei pra te encher de defeitos e não consegui. Em segundos, estava babando tua pele branca e teu rosto lindíssimo, nem vi porra de maquiagem nenhuma. Fico pensando se sabes o quanto és linda!? Tomará que o teu escolhido ou escolhida, vai saber, te diga isso sempre. Nem me atrevo a falar do teu corpo a essa hora, com essa quantidade absurda de álcool que tenho no meu sangue. Seria desumano! Se eu pudesse te dizer algo ao pé do ouvido, diria: linda, linda, LINDA LINDA LINDA LINDA... Fizeste algo no cabelo também! Pensei que por ser sexta à noite, alguém desfrutaria de toda a tua produção. Alguém diferente de mim, com mais sorte que eu. Alguém que, talvez – espero que não- nem saiba o quão maravilhosa és. Eu nem sei se és, na verdade, mas na minha fantasia, és. Ando muito desiludida contigo, com a humanidade, com tudo. Ando numa maré tão ruim que até um ovo jogaram no meu carro. Haviam sete carros estacionados e escolheram o meu para avacalhar. Engraçado, as coisas ruins me escolhem, as boas... É!!! Melhor rir do que chorar. Depois do teu fora, passei a ser uma colecionadora de foras. Acabo de tomar um fora absurdo de uma mulher que nem me atrai, mas serviria para me distrair dessa fossa gigante que permaneço, não sei por que, desde que te conheci. Também reencontrei um antigo amor que se dizia “um eterno” apaixonado. Me virou a cara, tratou-me muito mal e trocou olhares com a minha amiga. É, a coisa está preta! Me sinto na música do titãs: o pulso ainda pulsa, só que não! Resolvi dividir apartamento com um homem. Um homem que arrasta pra minha casa, opa pra nossa casa (odeio essa socialização da minha casa), uma mulher por noite. O engraçado é que ele não me vê como mulher, não me olha, é como se eu fosse um amigo dele, um homem. Tu vês, pra ti sou mulher, pra ele não! Recebi também a notícia que minha ex mulher voltou com a ex mulher dela. Que desgraça! Eu a conheci namorando essa mulher, mas era “ a Thais”. Fiz ela me querer e a convenci a viver comigo pra depois devolvê-la a ex. Que coisa! Acabo de gargalhar aqui. Pra completar, todas as minhas amigas viajarão para longe esse final de semana. Dia dos pais, minha filha com o pai que me odeia e eu sozinha, na merda! NA MERDA!
O 'colega de casa' acabou de chegar, com uma mulher horrorosa, tem aparelho nos dentes e fala que nem uma imbecil. Baba em cima dele, os olhos brilham e eu permaneço sentada na minha cadeira, meio ‘ Clarice’, totalmente odiada com a minha noite de sexta-feira. Foram para o quarto, agora escutarei gemidos e amanhã acordarei com ele, me chamando pra tomar café. Babaca! Ontem ele deitou na cama dele, deixou a porta aberta e parecia me esperar. Obviamente que eu não fui! Depois do teu não, passei a ser a pessoa mais pessimista do mundo. Eu também nem o quero muito. Na verdade, queria que alguém me quisesse, já que não me queres. Vou dormir, cansei dessa gente, dessa realidade chata. Mudei de ideia, vou beber um vinho. Meu champanhe acabou. Rá, bebo champanhe na fossa! É legal o ritual, ameniza...Dá a impressão de superioridade enquanto somos inferiores. Deve ser por isso que rico só bebe essa bosta!

Que merda de vida!

obs.: PERDI MEU SACA ROLHAAAAAAAAAAAAAAA! BEBEREI VINHO COM O GOSTO DA ROLHA, DESGRAÇA!

obs.2: virei vinho por tudo...

obs.3: minha cadela foi pro quarto com o casalzinho. Perdi até ela...pqp!

obs.4: é piadinha de deus, só pode! O CARA VEIO ME PEDIR CAMISINHA...

"Eu tô na lanterna dos afogados, eu tô te esperando...VÊ SE NÃO VAI DEMORAR..."




quarta-feira, 8 de agosto de 2012





Que a gente na vida foi feito pra voar
E o vento que bate pra a gente se secar.

domingo, 5 de agosto de 2012

Projeções!

Vou projetar teu esquecimento. Vou sumir, projetando que nem te darás conta. Eu acreditarei nisso.  Vou ler Albrecht e mudar minha visão, vou aprofundar meu conhecimento e escrever uma tese que nunca será lida por ninguém. Vou desligar as máquinas, desligar as conexões. Pisar forte no chão e viver a realidade nua e crua de que não me queres, nunca quiseste e não vais vir ficar comigo. Pode ser que funcione, mas como o que aconteceu até agora, é uma projeção!  Não pensar é naturalmente pensar e quando penso em te esquecer, inevitavelmente estou pensando em ti. Não interessa o sentido dado, interessa a essência que, no meu caso, intrinsecamente és tu. Não escutarei mais os lamentos dos companheiros que viveram ou ainda vivem essa maldita situação. Sem músicas de amor, que é o amor, senão o que criamos para fugir de algo interno que nos atormenta? Que é o amor, senão uma ilusão exacerbada de que outra pessoa nos salvará do nosso próprio carma? Que é esse sentimento tão poético, tão desejado, senão a necessidade de não pensarmos a vida real, exatamente como ela é? Uma espécie de martírio sem fim: tudo esteve errado, permanece errado, permanecerá errado, mas continuaremos vivos até morrer. Temos duas mãos e achamos que se tivéssemos quatro mãos, as coisas se tornariam mais simples. Quatro mãos, quatro olhos, quatro pés facilitam o trabalho árduo de seguir fazendo o que não tem sentido. Duvido que seja esse o propósito. Quer dizer que evoluímos, viramos seres pensantes para passarmos a nossa vida inteira batalhando por coisas inúteis, por algum mérito patético, por um diploma? Não, a vida dos macacos, aqueles que vivem suas vidas ainda e não foram apanhados pelos homens, me parece bem mais interessante. Dividiram nossas horas em minutos, os minutos em segundos e, simplesmente, controlam tudo. Deram uma explicação, um nome para o que era só mais um dia, chamaram de dia o andar natural das coisas vivas. Não é dia, não é noite. Quem disse que quando o sol se põe é noite? Nomearam tudo, justificaram tudo e seguimos aqui. Acordamos cansados, dormimos pouco, nossos cérebros são amontoados de informações descartáveis. Tudo fruto do tédio! O homem, ser inteligente, não aceitou a ideia simples de que nascemos, crescemos e morremos, e desenvolveu uma teoria complexa que acabou o enjaulando num passar do tempo sem lógica. Evidente que não consigo me livrar de ti. Teu corpo poderia esquentar o meu nas noites curtas do inverno e tua voz poderia me iludir de que estou cumprindo um propósito na terra. Se eu tivesse ao teu lado, aceitaria todas as nomenclaturas, até seria capaz de ser feliz. Poderíamos desenvolver mais uma teoria  para nos convencermos que estamos cumprindo uma função social. Teríamos filhos que vagam pelo mundo a nossa espera, acreditaríamos nisso cegamente, fortemente e viveríamos outra projeção. Uma projeção sem fim, ou melhor, uma projeção que cessaria com a morte. Depois apodreceríamos igualmente aos macacos. Que propósito? Que conclusões podemos tirar da vida, senão que ela acaba? Eu concluo, agora, que – ao teu lado ou não - meu destino é o mesmo, teu destino é o mesmo.  Vamos virar comida dos urubus, se outra ideia criada do tédio humano – as religiões- não desaproveitar essa função, condenando nossos corpos a um caixão.  Prefiro que meu sangue alimente o que ainda está vivo. Prefiro a ideia de que seguirei viva no estômago desse pássaro preto que voa pelos céus sem o peso do relógio, sem a cruz da inteligência que, na verdade, é a prova da burrice humana. Pensar antecipa o fim, pensar deixa triste, pensar afunda. Por pensarmos tanto, somos preguiçosos, somos tão acomodados. No século atual, o homem – preocupado com o caos da globalização- cria incessantemente teorias para justificar seus atos desumanos que nasceram da preguiça: vamos ter conforto em cima dos que não terão conforto, vamos ter água numa torneira porque muitos morrerão de cede, teremos – também- um objeto com rodas para nos levar a lugares na esperança de ver algo interessante que jamais refletirá nos nossos espelhos. Os sonhos, que nada mais são do que o descanso de uma cabeça que não sabe ter paz, viraram cifrões, mansões. Desejamos qualquer coisa que amenize e justifique nossas atitudes. A meritocracia nada mais é do que o nome dado para nos convencer que – embora sejamos seres inteligentes- ainda vivemos a lei da selva. A palavra força foi criada no intuito de incentivar uma competição fria e calculada entre todos, absolutamente todos que estão vivos. Competimos o tempo todo, somos leões bem alimentados, mas incrivelmente entediados. Daí, quando criamos consciência dos nossos atos vazios, nós ficamos tristes e nos embasamos em qualquer luta que levante uma bandeira humanista que não deixa de ser outra justificativa para seguirmos aqui. De todas as projeções, talvez essa seja positiva. Talvez, mas não deixa de ser uma projeção – a projeção da caridade- para não nos sentirmos tão ruins como, de fato, somos. Cuspimos, esmagamos nossa humanidade diariamente, seja vendo a televisão, seja acessando redes virtuais, seja comprando pão na padaria e depois discursamos numa roda o que devemos fazer para mudar o mundo. Nem percebemos que é uma roda, um círculo hermenêutico e não tem um fim. A única solução é começar tudo de novo, é uma explosão que acabe com tudo, que nos faça andar descalço, plantar nossos alimentos e nos faça voltar a viver no que chamam de barbárie, sem perceber que não há nada mais animalesco do que aceitar, desfrutar, continuar uma trajetória sem nexo, sem sentido – se é que alguma possui- e sem nenhuma humanidade criada pelo homem entediado, insatisfeito, dissimulado, hipócrita diante do fato que viver nada mais é que respirar, se alimentar, matar a sede, sentir calor, frio e caminhar em direção à morte.

Claro que será complicado te esquecer, te deixar para trás. Somos todos nômades que passam pelos lugares, pelas pessoas, usamos tudo e todos e seguimos a estrada sem conhecimento do que virá depois. Eu queria te levar comigo, ter a tua companhia diante do nada que tenho e vejo pela minha janela. Sou humana, penso demais, tenho medo do vazio dos meus dias, do tédio absurdo de existir apenas. Tua boca reproduziu palavras que amenizavam o sentimento aniquilante da impotência, da tristeza por ter consciência. Vai ser difícil, uma espécie de operação: abrirei meu peito para aplicar uma dose altíssima de anestesia no meu coração para seguir viva. Isso me causará uma dor absurda, por isso insisto em te convencer a vir comigo, a viver comigo, pois precisamos de anestésico para seguir no caos. É por isso que a ideia do amor é tão forte, tão importante. O sedativo para aguentar pode vir de beijos, de toques, pode ser um cheiro único que nos dopa e nos faz sorrir. Um beijo é algo maravilhoso, um bisturi não. É por isso, só por isso, que insisto em ti.
Mas não, eu não sei por que isso só acontece com alguns. Outros são obrigados a seguir sem esperança ou a fincarem uma agulha nos seus corações. Eu faço parte dessa lista. Depois da operação realizada, mesmo depois de muito tempo, o músculo que bombeia o sangue pelas nossas veias, nunca mais será o mesmo. É como uma laqueadura, uma vasectomia: um procedimento sem volta. Nunca mais serei a mesma, nunca mais porque vou fazer o caminho inverso do percurso: vou arrancar amor de mim, sendo que ele é o que nos mantém vivos. Me parece sem lógica, tão sem nexo quanto a vida como ela é levada, mas aceito a incoerência por que não tenho outra saída senão aceitá-la. Não tenho outra saída, senão aceitar o fato de que não farás parte da minha vida. Devo respeitar a tua autonomia, tua decisão por mais cruel que ela me soe. Devo partir, devo juntar do chão os pedaços do espelho que projetava um sonho bom. Devo rasgar tuas fotos, queimar teu sorriso, esquecer o contorno do teu rosto que foi plano de fundo da tória que me deixaria em paz e feliz. Tudo projeção para tranquilizar, ao menos, a realidade dolorosa desse mundo.
Estou em procedimento cirúrgico nesse momento, mas vou sobreviver. Vou, pois existirão outros nomes, outra bocas daqui um tempo, eu espero. Esperei por ti por um ano agora espero não te esperar mais para depois esperar outro alguém. A vida nada mais é que uma longa espera. Estamos sempre esperando o momento em que não esperaremos mais; esperamos a morte! 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

saudade é pra quem tem!



                                                                                    Ah, meu amor...

Perdoa essa explosão atômica que nasce da dor de viver sem ti. Perdoa as palavras ásperas, os insultos. É o mesmo que as poesias lindas te dizem, só que é escuro, mas dizem o de sempre. Dizem que te amo! Dizem que te espero em qualquer lugar, num dia de chuva ou de sol, numa noite ou madrugada. Em qualquer lugar que eu esteja, vou cuidar os lados e imaginar tua chegada. Meu bem, eu posso errar de tantas formas. É tudo do desespero assustador por não poder perder minhas mãos entre teus cabelos, puxando- os até o meu rosto para sentir o cheiro, teu cheiro que eu sinto em todos os lugares, sem nunca ter sentido. Eu protestaria todos os dias se essa revindicação colocasse meu corpo embaixo do teu.  Eu lutaria, levantaria junto com o sol, combateria todas as teorias da moralidade que me proíbem de estar ao teu lado, se tu desejasses o meus beijos. Tenho medo da força esmagadora dos meus punhos, do meu corpo, se tu me quisesses. Mas, cariño, não me queres. Isso dói como uma navalha na pele no inverno da Sibéria, dói como a fome dos miseráveis da África, dilacera como o peito das mães argentinas que ainda esperam o retorno dos seus filhos que nunca voltarão para casa. Dói como a menina do Banksy que deixa escapar seu balão e cresce sem vontade com a imposição da vida. Eu me solidarizo com todos que sofrem, queria abraçá-los, queria ter os  braços dos gigantes que moram nas nuvens para acomodá-los no meu peito. Teu não dói como a dor de um sabiá mudo e de uma andorinha atingida pelo estilingue. Há um silêncio insuportável dentro de mim. É feito de um barulho imenso que mescla os gritos dos negros e dos índios diante da desumanidade do homem branco. Meu coração acelera e para, retoma as batidas e segue apenas. Eu te queria tanto! Eu, que não acredito em espíritos, me vejo desencarnada na fogueira de alguma praça inglesa, sinto meu corpo queimar, mas não sinto vontade de resistir. Nessa noite, sinto toda a dor dos que nasceram no tempo errado, no corpo errado e vagueiam pelo mundo, enjaulados.  O gênio da lâmpada mágica está sentado ao meu lado agora, tão triste como eu. Ele pensa que sempre deu a todos os seus maiores desejos, o pó milagreiro acabou e ele não foi feliz.  Está comovido comigo, mas não pode me ajudar. O pedi o tapete voador emprestado para ir até tua janela e te olhar dormindo. Deus, diabo...nunca te verei dormindo, meu amor! Nunca te verei secando os cabelos, calçando os sapatos, nunca abrirei teu sutiã...A minha dor é pior que a dor da morte: aquele que perde quem ama, o tem na memória, é repleto de lembranças e por mais que  saudade corroa, ela também pode fazê-lo sorrir. 

domingo, 22 de julho de 2012

os olhos dela




Se eu pudesse silenciar, toda a história seria distinta. Os meus olhos deixavam claro, não abriam espaço para a mentira. Se soubesse que os olhos, sozinhos, diriam tudo, teria escrito cartas de amor, mas as guardado para o momento certo. Se eu pudesse acreditar no momento certo, não teria enviado músicas, poemas, atenção.  Sabotei o tempo e o tempo cobrou o preço: mandou-me palavras vazias, um não que não libertou, excluiu-me a possibilidade de ouvir e ver, sentenciou-me a tantas interpretações e a sentir- apenas- sem aliança com a razão.

Todas as teorias que eu tinha sobre, eram vagas e loucas. Nada poderia ser comprovado, nenhum sinal poderia ser levado a sério. Só eu sabia e nem eu acreditava. Quando nossos olhos cruzavam-se, os segundos viravam anos, todas as vozes sumiam, todos os corpos desapareciam. Ela dizia com seus olhos, que eram de uma cor única, dizia coisas em outra língua. Eu dizia o que ela já sabia. Eu não entendia, ela não entendia. Melhor fugir, melhor não encostar, eu supunha, então- às vezes- ela passava de cabeça baixa ou interrompia aquela conversa sem palavras que era integra; todos podem falar ou escrever o que bem entender, o papel e os ouvidos suportam tudo, mas ninguém consegue dissimular com os olhos. Mentir, talvez, diante de um bom preparo, é possível. Mas omitir, disfarçar, mascarar, ninguém consegue. Os olhos dela me chamavam para perto. Era como se eu soubesse totalmente a solução de um crime hediondo e não conseguisse, não tivesse provas cabais e o assassino permanecesse impune. Eu tinha algo que foge a razão humana, algo abstrato, intocável que só poderia ser compreendido se houvesse empenho e interesse. Era preciso ajuda, um amigo. Nomeei o mais sincero de todos, o mais fiel de todos, o mais presente de todos, esquecendo-me, também, que era o mais desatento de todos. Inúmeras vezes, como uma árvore seca, permaneci na estrada do prédio uma hora antes dela chegar, necessitando- em certos dias- mais uma hora depois do suposto horário que ela chegaria para depois saber que ela já estava dentro do prédio. Ficava lá, eu e meu amigo com um cigarro na mão. Não desviava o olhar do caminho por onde ela surgiria. Meu amigo, era amigo como poucos, prestava-se à essas situações, mas no momento que eu provaria- seriam duas testemunhas- ele esquecia-se do que esperávamos. Eu tinha vontade de matá-lo. Acreditava nele acima de tudo. Se ele me dissesse que não percebeu, eu teria desistido e não estaria aqui, agora, às 05:46 da manhã sendo consumido pela insônia e tristeza da dúvida. Era tudo coisa da minha cabeça, fuga desesperada do meu ego furioso por não ter sido amado. Será? Convencia-me por dias disso até que chegava o dia em que ela aparecia: lá estava, novamente, de mãos atadas com o sobrenatural. Eu a via duas vezes por semana, todas as semanas, todos os meses. Utilizei todas as táticas possíveis e até impossíveis como, por exemplo, fugir entre os corredores do prédio, utilizar as escadas, fazer caminhos maiores para chegar onde deveria e não vê-la, mas o poder da fé, tão subjetivo e inexplicável, a força do meu pensamento de amante, fazia-me encontrá-la sempre. Eram três elevadores no prédio, matematicamente falando, eu tinha 33% de chance das portas abrirem para que eu entrasse ou saísse e a visse. Isso desconsiderando a questão do tempo, da necessidade do momento exato e dos passos contados que deveriam andar sincronizados para que nos víssemos. Eu não acreditava em destino e nem em nada que não tivesse o auxílio, pelo menos, da ciência do homem. Mas eu também não acreditava que era possível, perante sete bilhões de pessoas, desejar apenas uma. Ela veio, de fato, pra fazer-me repensar minhas teorias, veio para nomear minhas teorias, veio para resumir-me à um incapaz que viveria inutilmente, sem brilhantismo, se ela não sorrisse e fizesse o sol mudar de ideia e surgir durante a noite. Era preciso sabedoria para lidar com aquilo. Era preciso tranquilidade para não ceder ao desequilíbrio da dúvida e parar na cama de um hospital com crise de ansiedade aguda. Todas as evidências deveriam convencer-me que eu nem existia na vida daquela mulher; que ela não perdeu um segundo, sequer, do seu tempo tão precioso pensando em mim;  que ela não se questionou por nem um momento de como seríamos se ela permitisse a conjugação do verbo viver no pronome nós;  que em nenhuma noite ela perdeu o sono, lembrando das minhas palavras e dos meus olhos tão ingênuos; que, em sonhos, ela não suou ao imaginar minha boca deslizando por toda a sua pele branca; que ela nunca nem cogitou saber quem eu era, onde vivia e como vivia e nunca estacionou o carro diante do meu edifício só para ver-me; que ela não desesperou-se numa mesa de bar ou no seu sofá na presença da sua melhor amiga, contando-a que, aquela situação, a deixava confusa.

Tudo que eu queria era esquecer, ir adiante e não me prender numa história sem lucidez. Então, os olhos dela gritavam-me algo que eu não entendia. Era como se eu entendesse a língua espanhola, mas não tivesse domínio suficiente. Eu captava a essência das palavras, mas quando devia formar as frases, perdia-me e ficava tudo desconexo. Os olhos dela diziam-me sim, amor, agora, vem, não vai, medo, confusão, dor, espanto, paixão, admiração, respeito, mas eu tinha guardado nos meus pertences, respostas dela que diziam: sem amor,não agora, não vem, vai, não tenho medo, não sou confusa, minha dor vem de outro, tua ação não me espanta, não tem paixão, mas te admiro, há muito respeito e nada mais. Eu precisava de dez minutos, não mais, diante dela e de mais ninguém para ter certeza. Se eu a incomodava com as minhas investidas de amor, mas deixava claro que se ela sentasse na minha frente e convencesse-me, como boa argumentadora que era, eu partiria para nunca mais voltar, porque havia tanta negação dela em chegar perto de mim? Tudo bem, eu aceito a tese do descaso, da insignificância de alguém na vida de outrem, da falta de tempo pra assuntos que não são tão relevantes. Aceito tudo, respeito todos que me julgam louco por persistir de mãos dadas com a empatia. Eu a tinha como a mulher mais, a mais mulher de todas, a grande mulher. E eu a tinha assim, por todas as ações e palavras que ela tinha na vida. Era torturante pensar que ela desprovia de imensa solidariedade para todas as causas do mundo, menos com o meu coração. Era uma dor absurda imaginar que eu seria o único segregado na construção do seu universo tão justo. Nunca a vi cometendo grosserias, nunca a vi agindo sem educação e respeito, mas, por algum motivo- comigo- ela não era capaz de ser humana. Uma vez fiquei à um palmo de distância da sua boca, eu tive que baixar os olhos e esconder minhas mãos nos bolso porque o olhar dela comeu todas as minhas forças e desmanchou toda a minha capacidade de expressão. Gaguejei tanto, tremi tanto que, ao lembrar, envergonho-me. Eu deveria tê-la encarado, eu sei, mas o cheiro do hálito dela, o perfume do pescoço dela e, sempre, os olhos dela, inibiram toda a minha coragem que sempre foi minha principal característica.

Hoje eu sei e já compreendo melhor muitas coisas. Respeito muito mais o misticismo, a fé, as crenças. Ainda acredito na ciência, mas não a tenho mais como verdade absoluta. Tudo isso, modificou-se só com a força de um par de olhos – os olhos mais lindos que já vi- que foram capazes de igualar-se a razão e fazer-me ajoelhar e confessar minha insignificância humana diante do que não há explicação, diante do segredo dos olhos dela.

Thais Dornelles 

domingo, 15 de julho de 2012

Tudo dentro do teu não!


Eu quero me afogar na merda. Ser esquecida e me esquecer de mim, dos meus pensamentos otimistas que masturbam minha mente e me fazem acariciar essa esperança maldita de que um dia virás. Eu quero uma bebida amarga ou doce, tanto faz. Um corpo branco ou negro ou pardo ou...um corpo pra me esquentar. Uma boca macia tocando os meus seios. Eu quero seios nas minhas mãos, desejar seios, muitos seios e os teus, não! Eu quero me deitar na grama molhada do sereno, não sentir frio, não sentir medo. Ver a lua aparecer no canto do céu, me ignorar e depois sumir novamente. Ver o sol levantar pra depois dormir. Eu quero um barulho infinito que não me deixe ouvir meu nome, teu nome. Eu quero um homem, alguém, algo que me faça te esquecer infinitamente, eternamente. Eu quero dobrar a esquina, virar a página, rasgar a página, cuspir na página, por no lixo a página que tem como marca d´água teus olhos, tua boca, tua perfeição atormentadora, tuas palavras precisas que falam sempre o que quero ouvir sobre o mundo e nunca o que preciso ouvir de ti. Eu quero matar, morrer pra ver se, assim, tua estrutura de aço, de ferro balançaria. Eu quero me ajoelhar e implorar, crer no deus imaginário, fazer promessas e ter a chance de cumpri-las. Eu quero o direito, o justo, não quero a bondade, não quero a gratidão, não quero a caridade. Eu quero a solidão extrema da companhia fajuta, a distração. Quero qualquer coisa que segure o peso dos meus dias, a dor ínfima da tua ausência na minha vida. Quero chorar, se for pra chorar. Uma lágrima salgada, igual a todas as lágrimas que caem de todos os olhos que choram. Eu não quero essa gota vermelha, que corta meu rosto e é solitária. Não aguento mais, nega! Não suporto mais! Não quero mais, não, não, não...eu poderia ter me solidarizado com os loucos que morrem de amor, que matam por amor, que amam de verdade, mas não queria ser um deles. É tanta submissão! Submissão ao tempo, à imposição desse sentimento. Eu quero cerrar as grades do meu peito, ver um sorriso e sorrir, segurar numa mão qualquer e partir. Eu quero um trem de trilhos incertos, mas que viaje pra longe, bem longe de ti. Eu quero ter a coragem de entrar nesse trem. Te liberto hoje, cavalo selvagem, cavalo xucro que negou minha maçã colhida do pomar de um homem humanista e solitário que toca violão e canta pras plantas e os animais e não teme a solidão das grandes metrópoles. Vai, corre pelos campos, sente o cheiro das flores, morde o vento na cara. Eu tiro de ti o peso do arreio, do pelego, do meu sofrimento por não ter te convencido a ficar comigo. Vai! Alguém com mais paciência, alguém com mais maturidade te oferecerá açúcar cristalizado e eu torço que aceites. Eu abro os portões, arrebento as cercas, jogo longe as esporas, jogo longe os lençóis que camuflam meu ego, minha vaidade ferida. Quero que teus cabelos negros e compridos voem mais que uma andorinha e teus olhos expressem a felicidade que senti quando vi uma laranjeira linda, me aproximei e me ergui para alcançar a fruta que sempre desejei.  Foi em vão! Foi em vão?  A vida me colocou freios e ferraduras, hoje sou cavalo de passeio, de carruagem de contos de fadas. Levo pessoas para suas estradas, montam em mim e eu aceito. Dizem que eu mudo vidas. Dizem que eu ajudo, que arranco segredos escuros, olhares de dúvida. Eu sigo, então, esperando ...espero o dia, espero a noite, espero os anos passarem, espero esquecer que eu era indomável, grande domadora, que eu era a opressora e agora sou a submissa. Espero o par de olhos, um de cada cor, que vai me libertar desse fracasso, desse tédio, dessa dor do teu não. Eu não queria alguém que me transformasse, que me levasse a loucura? Ta aí, tá ela, tô eu, Thais. Sem plural porque nosso nome não tem plural. Casaremos com a solidão, nena! Tu porque permanecerá selvagem, intocável. Eu porque te conheci e depois que te vi, nada do que vi ou verei, ou tinha vista, foi, é, será mais lindo que teu olhar. A palavra pra sempre é forte, eu sei. E tudo passa, realmente passa. Só não passa o que fica pra sempre, o que muda pra sempre, tudo pode mudar, menos as paixões. Todos serão esquecidos, menos aqueles que nos mostraram o que realmente tem sentido nessa vida!

Thais Dornelles