segunda-feira, 23 de novembro de 2009

o amor do poeta


Todo o poeta precisa de um amor

Não um amor qualquer

Um nome de mulher

Que lembre a dor


Pra eternizar na sua poesia

E limpar os erros

Escrever coragem sentindo medo

E ver a tristeza transformada em alegria


Todo poeta precisa de uma interrogação

Pra curar sua saudade, um atalho

Precisa de um cenário (imaginário)

Para concretizar a ilusão


No papel, tudo fica bonito

Aquele amor cruel, aquele grito

Vira melodia no seu coração de sonhador

E - a melancolia cria asas e voa -

Escrevendo a poesia de amor.


Thais Dornelles

domingo, 22 de novembro de 2009


abram espaço
eu preciso catar meus cacos
meus pedaços que estão por aí
tantos amores eu já vi partir!!!
Fiquem mudos
eu preciso cantar, escrever
os versos que eu fiz!
sempre ha alguém que nem os leu!
baixem a cabeça
eu passarei com a maior tristeza vista
mista, solidão e desilusão
meu coração, pobre coração
não aguenta mais falsas pistas
ajoelhem-se, eu sempre fui verdadeira!
enquanto, porcos mentiam ao olhar nos meus olhos!
se eu tenho remorso?
só do que não fiz, só do que fiz!

Thais Dornelles

domingo, 15 de novembro de 2009

O homem que tenta voar

Sem asas.


Veio um homem e lhe apedrejou

Com um estilete

O homem não era mau

Era um homem entediado

Perdido

Cego

Que ao ver o pássaro colorido

Percebeu o escuro da sua vida

Pensou que um dia poderia voar

Com as assas daquele pássaro

Pensou que um dia poderia ser bonito

Ele correu, como correu, até aproximar-se

Sorriu

E realmente sua boca era linda

O pássaro não temeu

Nunca deixaria de pousar onde quisesse

Pensou em adormecer no ombro do homem

Ingênuo, deixou-se tocar

Rapidamente, formou-se uma gaiola invisível

“o essencial é invisível aos olhos”

E o coração não vê barreiras

O homem foi feliz

Pois tinha algum motivo verdadeiro

Real, vivo

Que o fizesse sentir

O pássaro sempre acreditou

Por isso era pássaro

Por isso voava

Ficou ali

Ambos trocaram sabores

Trocaram vivências

E, de repente, como uma tormenta não prevista pelos meteorologistas

A chuva caiu

O vento assoprou o pequeno pássaro para longe

Inconformado por voltar a ser o que era

O homem lhe apontou suas mágoas

A sua pior arma

Mágoas enfraquecem!

E lhe atirou no peito a sua escuridão

Ao acordar, o pássaro já não era mais pássaro

E nem passearia mais pelos céus

Virou homem, sem assas, preso ao cotidiano

Tornou-se escuro, vazio, oco

Olhou para cima

E viu, quem lhe cortou as asas, voando

Livre.

Thais Dornelles

segunda-feira, 9 de novembro de 2009



É no fim de tarde

Que a saudade se estende

Era quando ela mais estava presente

A dor arde,

lateja, cega, impede de ir em frente.

É preciso esquecer

É só a ausência da carne que mata

O amor morto permanecerá por anos

Feito um corpo embaixo da terra

Um pedaço meu se decompõe diariamente

Aguentar esse cheiro de podre

Enlouquece!

Até que desaparece para sempre.

Chorar, gritar, tocar meu corpo

Não vai curar, não vai amenizar

Então silencio!

Olho pela janela

Alguns planejam algo

(Uns respiram apenas

Estes, já se cansaram

De atirar ou ser o alvo.)

Ver os planos afogados

Esquecidos no fundo

De um oceano escuro e gelado

Tudo dói, é claro que dói.

O mundo já anda tão frio

Cada amor perdido em vão

Finda um sorriso

Pinta de preto um pedacinho da natureza

Torna as folhas de uma árvore secas.

Um anúncio disso deveria ilustrar a capa de um jornal

Como a morte de uma criança

É menos amor na terra

É tão triste!

Afinal, é prematuro!

É o bloquear de um futuro

Que poderia ser doce

(Ou não!)

Vai sangrar e muito

Feito uma bala que cruza o peito

E segue.

Fica um buraco, oco, insubstituível

Que jamais se reconstituirá

Quantos tiros eu já levei, deus?

Meu coração se assemelha

Aos muros de fuzilamentos.

A uma peneira.

Quantas balas eu fui também?

Assemelho-te, hoje, a um assassino cruel

Um abusador, um prepotente

Um infeliz, descontente

Veio, estuprou meu corpo

Atirou no meu coração e partiu.

E eu, que estava a recuperar-me de uma bala passada

Gostei, gostei tanto, porque senti

Senti um cheiro, senti um gosto novo

E sentir, hoje em dia, é tão difícil.

És o melhor e o pior da vida

O salvador e o réu

O teu papel: matar a ânsia do tédio

Que corria pelas minhas veias

E, o teu adeus é avisar-me, com a tua partida,

Que eu não posso fugir da minha sina.

A sina escura de ser humana

A sina da solidão!

Thais Dornelles

domingo, 8 de novembro de 2009

Meu poema mais bonito

(...)

Agora.

o que posso fazer é escrever

Assim, te eternizo.

Vais virar o meu poema mais bonito.

Não chora,

também tivestes o mais belo dos meus sorrisos.

(...)


Thais Dornelles

sábado, 7 de novembro de 2009



Coração que sobra

Que se dobra, contorce de dor

Por não ser teu amor!

Coração que vagueia

Que vai embora, que parte

Partido, despedaçado

E deixa um sorriso de recordação

Coração tentando ser inteligente

O mundo ensina o coração vagabundo

A se proteger do mundo

Coração carregado de coisas que não se vê

Vai, coração, já és adulto

Se fores, vais sofrer

Se ficares, vais sofrer

Melhor não te ter no peito

É o jeito

Será que um dia vais parar de bater?

Será que a porta vai trancar?

Será que alguém vai te reconhecer?

Depois que a festa acabar?

Ai, coração, tu dás amor

E o que recebes é gratidão

Tudo era vão

E agora em ti há um (outro) vão

Calma, deve haver outro coração

assim como tu, esperando o fruto amadurecer.

Esperando a correnteza do mar trazer

um amor de verdade pra renascer

no coração a felicidade

e para amar.

para acabar com essa tristeza

de dar sem receber.



Thais Dornelles