sábado, 28 de setembro de 2013

Primavera

Quem é esse homem
com esses olhos explosivos de esperança
que me adentram toda
e conversam comigo sem nenhum som
enquanto meu corpo dança

Dono dessas mãos fortes
que me remetem ao desejo
de ver os botões da minha blusa arrancados
e meus seios seguros, apertados...

Da respiração ofegante
ao me abraçar

E uma boca que expulsa as palavras 
no tom que gosto de ouvir

Deixando-me louca, o querendo aqui

por cima, embaixo, ao lado
dentro, bem dentro...

Disse-me para provocá-lo, não sei como
treme minha base fixa

A presença dele é um terremoto em mim
da maior Escala Richter.
Eu - Pequim - em (re)construção, pegando fogo...

Ele fala, eu me calo
ele cala, minhas pernas amolecem
tão dormentes, o chamam

ele escuta?

Eu o desafio a ouvir

E vir. 









quarta-feira, 25 de setembro de 2013

The Rip Tide

De repente, o silêncio fez-se presente. Os barulhos dos carros na Av. Ipiranga viraram o som do mar. Eu percebi que havia chegado o momento; o momento de partir. Partir para um outro eu que não levasse meu nome e minhas cicatrizes na mochila. Fechei meus olhos e senti minha respiração, percebendo claramente o ar entrando e saindo dos meus pulmões. Ninguém vive somente de tristezas, eu sou ninguém, todavia quero escrever a poesia retida em alegrias que não me permito viver. Se alguém pudesse me ajudar... mas o som dos motores remetem à necessidade de ir embora desse lugar. Sentem, será que sentem a minha estranheza nos últimos tempos? Pensam, será que pensam em mim? Talvez eu mereça um pouco de atenção, a mesma que pessoas amáveis merecem de mim e eu não consigo oferecer. Minha cabeça doeu tanto que eu sinto a sensação do desmaio, ouço um apito, ao fundo, ruidos de uma guerra que não consigo abandonar. Olho aos lados, devo aprender a matar para não morrer e o alvo certo é meu coração apodrecido e sem esperanças que teima em surrar meu peito. Quem sabe um transplante... eu não sei!
Tenho medo que não cure, temo a amputação de partes minhas para que as outras permaneçam. Não quero amor, não quero paixão, meu sexo causa dor e a minha ausência mental causa perturbação. Nem que eu tentasse, e - acreditem - tentei muito, eu conseguiria. Tão difícil quando a dor psicólogica se aloja e tu sentes tuas mãos adormecidas, teu estômago comprimido, teu...teu que não é mais teu coração ardendo. Literalmente, ardendo dentro de um corpo que tens que carregar para sempre. Ouvi o miado do gato e ouvi também o choro do bebê do apartamento do lado. Tudo é nada, eu nado em águas geladas. Alguém toca violão e me salva da convulsão. Eu vomito, mesmo assim, dormência. Minha cabeça precisa descansar, talvez eu não deva escrever mais. Talvez eu deva desaprender a falar para aprender a sentir de um outra forma. De uma forma que não haja ruinas e que o querer seja saudável como um passeio de bicicleta na zona sul. Analisando, sei que o tombo é maior quando somos grandes, mas não me parece mais coragem insistir em uma batalha que não acredito. Eu desconfio de tudo que vejo e coloco fé nos olhos. Queria mesmo pessoas sem pernas, nem cabeças, sem cabelos, a Andradas rodeada de olhos, infinitas cores, olhos que se olhassem.

Esse é o buraco que cavei. Nele fiz a minha casa, mas não o quero mais, eu não quero absolutamente mais nada, nada que esse lugar me obriga.

domingo, 22 de setembro de 2013

teatro

eu sou...
quem sou?

se quiser ser ninguém, deixarei de ser alguém?

e se o ninguém que sou
for alguém numa fantasia?

de tanto brincar no espelho
será que virei aquilo que queria
ou será que sempre fui o que sou agora?

paro, em silêncio, e observo meus traços
esses olhos escuros, essas mãos, esses anéis de cipó

creio que, hoje, sou o que sempre quis ser

mas quem mesmo, em mim, eu buscava?

temo nunca ter sido poeta
Não, nunca fui, eu sei.

Pois já que esse é um fingidor
será que a dor que deveras sentia
era tão fingida?

talvez eu tenha sido uma atriz
de um talento tão grande
que atuei em minha própria vida
escrevi minha ruína - não sei ter paz -
para ser forte e vencer-me

Tadavia, não sei ter paz!

agora encontro-me desperta

nem se eu desejasse a ilusão
ela tomaria os meus dias

eu, que sou amor por inteira,
nunca amei, nunca fui amada








segunda-feira, 16 de setembro de 2013

mergulho

Deparo-me com a maior contradição para um ser humano, ser pensante: estou incrivelmente lúcida na minha loucura. E eu sou capaz de explicar, explicar toda a dor que me aflige e me tira o sono. Ela está conectado na ausência de alguém e na maldade vomitada por julgamentos de quem não compreende tal sentimento. No meu peito, há um rombo causado pela dúvida. Não questiono a ausência de sentimentos e, talvez em momentos otimistas, tenha dito isso, embora nunca tenha acredito. Houve um tempo que pensar assim, fazia-me tranquila, me remetia a uma espera, eu conseguia seguir. Todavia, essa não era a verdade e toda a vez que nos prendemos numa mentira, mesmo que com a melhor das intenções, um dia ela se esvai. Não creio, hoje em dia, que "num dia de sol, ou numa noite qualquer" - como já escrevi - ela virá, tampoco a quero aqui. Ela não faz parte do meu universo, mas isso não a faria menor; as atitudes tomadas, a fizeram um ser desprezível. Não há nada que surre mais o coração de um poeta do que perceber maldade naquela que arrancou tantos suspiros, tantas poesias... Eu não quero provar a ninguém que estou certa, que não estou doente. Nunca estive doente; eu amei. A atualidade é insensível e desumana, talvez sempre tenha sido, e meu maior descontrole é escrever e-mails, quando me perturbei, ou entregar um presente, quando transbordei de paixão. Mas isso é visto como ofensa, eu agrido quem, na realidade, me agride profundamente, quando censura o meu sentimento. Tudo bem que não o queira, tudo bem que o julguem estranho, mas era algo pacífico, dócil, até nos momentos que tomou forma de despeito. Se enviei reclamações e questionamentos, foi porque era importante entendê-lo, perceber o erro cometido para nunca mais cometê-lo. Nunca quis agridir a pessoa que desejei, entretanto, sou humana e, certamente, também erro, também cometo milhares de equivocações. O problema que me encontrava, era algo que eu deveria ter resolvido comigo mesma e foi o que fiz, ou tentei fazer. Quando vivemos num mundo cinza e compeltamente frio, todo o acolhimento é um calor necessário. Foi isso que pensei, pensei que não faria mal ela saber o quanto alguém a queria bem, forte e livre. Na maioria das vezes, enviei o melhor que me restava, palavras que me entalavam a garganta e mereciam liberdade. Porém, entendi, talvez tarde demais, que meu amor nunca foi visto com bons olhos, por olhos brilhantes. Tudo que eu fiz, virou uma imensa agressão e, para esquivar-se, ela não enfrentou, abaixando-se para o soco retornar ao meu peito. Tomei tanta paulada que virei triste, mas tudo bem, partiu de mim, voltou pra mim, ela quis assim e eu aceito a condição. Era como um beija-flor que nectarizava as flores e, de repente, virava um morcêgo solitário, que bebia sangue. Mas até os morcêgos são inofensivos e merecem respeito, e até quem desrespeitou, se não o fez com intenção, merece respeito. Há que ser escrito um pedido de desculpas, mas pelo o quê mesmo? Vou formular sem saber, sem entender bem, mas vou, pois sempre cultivei na minha essência a capacidade de reconhecer minhas falhas. Peço perdão por ter externalizado o meu sentimento, por ter entregado, sem que houvesse autorização, o que eu sentia, peço perdão por ter sido invasiva, escrevendo desejos errantes, perdão por tudo, absolutamente tudo que causou o meu querer e, também, por tudo que ele não causou, perdão por ser assim, impulsiva e intensa, perdão por ter sonhado, por ter admirado, por ter sentido tesão por quem não poderia, perdão pelas inúmeras mensagens sem respostas e pelas as respostas que nunca entendi, perdão por ser eu!
Meu último contato, deu-se diante do desespero que senti ao constatar que fiz tudo tão sincera, tão ingenuamente e virei um monstro, alguém que precisa de ajuda. Mais um perdão, é que acho isso incrivelmente triste, duma tristeza absurda. Nunca a faria mal, nunca a tocaria, nem nela e nem em quem fosse, sem que houvesse consentimento, Nunca a agrediria, nunca a prejudicaria, mas foi somente o que fiz. É que o mundo atual é deveras tecnológico e, de fato, mensagens, e-mails, músicas, poemas, são um tocar obrigatório, quando os olhos não conseguem controlar-se e são curiosos. Percebo, claramente, que preferia ter sido ignorada, mas não agora, não no último contato, pois esse não fala em amor, fala somente na dor do desentendimento e da dúvida. Não sei o que acontece e, dizem, nunca saberei. Resta escrever a verdade que me pertence. E é essa que está aí, escrita não pelas minhas mãos, mas pelo meu coração, como todas as coisas que já vomitei aqui e em todos os lugares. É tão difícil não deixar a esperança morrer, eu a cuido, ela vive doente, sua imunidade é baixa e todo o ato desumano que a alcança, a faz cair na cama. Eu a levanto com meus braços, a injeto fé com poesia, fotos, músicas e ela volta a caminhar. Minha maior luta atual é não deixar de acreditar, é seguir crendo que, por mais que hajam pessoas de pedras, são pelas de manteiga, pelas que se derretem e mudam com a lua cheia, que devo viver.



quinta-feira, 12 de setembro de 2013

terça-feira, 3 de setembro de 2013

sola colada

Pasárgada está longe
vamos, todos, cuspir no rei?

eu estendo minhas mãos para ancançá-la
parece uma nuvem, uma miragem
parece um delírio criado da minha vontade

quantas paixões podem brotar de um coração morto
quantas cores podem espelhar olhos negros?

Eu vejo um arco-íris quando a vejo!

percebe-se a carência do sol
tão majestoso, vive sozinho
e porque eu não viveria?

ocorre que um céu nublado é proteção
da tristeza nasce a força
são pés cansados que pisam em cacos de vidros

- Pára! - grito- é preciso não buscar nada

é de repente que um abajur acende
para, depois, os dedos voltarem a enchergar
enquanto que os olhos voltam a sentir.

cabelos negros, ruivos, loiros
uma única cama esbanja tanto
Soa insignificância
entretanto, aquela dor que habitava
vira poesia sem nexo aos que a lêem

explica-me quem és
assim posso entender melhor o silêncio posterior

o amor, quando grandioso, é ausente

há corpos foragidos
ninguém nos salavará

vizinhos desconhecidos que choram ao mesmo instante
todas as lágrimas conectadas pela desejo comum

Milhares de sonhadores que sonham com a mesma imagem

que sentido, senhor?

descubro, diante da tranquilidade,
que a paixão descarta relógios e
se o pensamento nos cansa,
é o tédio gemendo desentendimento sobre a realidade

sou uma flor quase morta
Tranquila e conformada
esperando um regador
que só pode aparecer
se eu não o necessitar, se eu não o quiser.

um pássaro rasga meu peito,
quer partir
migrar para a terra da paz
que sempre ignorei

tudo que eu preciso
absolutamente tudo que eu quero
depende da solidão
somente só, o homem encontra a liberdade-felicidade.