domingo, 19 de agosto de 2012

todo o domingo é triste






Doce ilusão minha. Tuas palavras me curaram da dor, mas o amor permanece. Quando falaste que não te conheço, eu entendi. Não conheço racionalmente, mas eu te sinto. Não tenho dúvida de que és tudo que digo. És muito mais, eu sei! Eu queria tanto ter te despertado...
Quero te ver feliz, forte e livre. Quero enviar diariamente para ti, com o vento, esse sentimento que está em mim. Não me admira se eu começar a rezar. Se fizer isso, pedirei pra que encontres o que procuras, pra que sorrias sempre. Aliás, teu sorriso é lindo. Vejo a foto nesse momento e sorrio junto.
Loucura ou não, eu te amo demais, mulher...
Faz tempo que não sonho contigo. Eu conheci alguém e alguém me quis. Por uma semana, mal pensei em ti, achei que estava livre, achei que alguém tinha tomado o teu lugar, como me desejaste, mas não. Teu lugar é insubstituível , já me conformei. Eu, que odeio o conformismo, que era rebelde, aceito a condição de que ninguém tocará. Sempre procurei alguém como eu, puro ego. É estranho, mas acho que somos parecidas...
Dorme bem, não te incomodarei mais...



Me enseñaste a decir mentiras piadosas
Para poder verte a horas no adecuadas
Y a reemplazar palabras por miradas
Y fué por ti que escribí más de cien canciones
Y hasta perdoné tus equivocaciones
Y conocí más de mil formas de besar
Y fué por ti que descubrí lo que es amar
Lo que es amar "

sábado, 18 de agosto de 2012

um conto por ti


Me afoguei no vinho e morri lembrando do teu rosto. Quando cheguei no céu, deus - irônico e tão bêbado como eu – gargalhou. Sentei-me ao seu lado e comecei a falar. Nossa conversa durou dez anos e foi regada de muito uísque com energético. Ao contrário do que todos pensam, no paraíso ninguém voa. Todos permanecem sentados, exceto as crianças que correm por todos os lados, sobem em árvores. Realmente não há ninguém com fome ou frio. É o que o difere da terra. De resto, é tudo igual. Eu perguntei a deus porque eu estava lá e não no inferno.  Ele me disse que vidas terreiras desgraçadas, mereciam um pouco de paz. Eu retruquei afirmando que havia sido feliz, então ele falou o teu nome. Disse-me que chegarias em breve. Eu pedi um cigarro, fiquei nervosa com a novidade, afinal tu estavas chegando. Ele levantou, bateu palmas e plantas de maconha começaram a nascer por todos os lados. Pediu-me minha blusa e mandou-me esquecer do pudor humano. Eu a entreguei, estava com os seios de fora e com uma sensação incrível de liberdade.  Não havia olhares de repressão, todos seguiam iguais. Ao pegá-la, ele a cheirou forte e me encarou. Pensei: deus quer me comer! Disfarcei, fiquei intimidada, era como estar diante do Bukowski e o sentir excitado. Pensei que eu treparia com deus sem problema algum. Levantei a cabeça e olhei forte, mais forte que o olhar de Eva quando viu o tal Adão. Ele aproximou-se e, num piscar de olhos, minha blusa virou um papel de ceda enorme. Eu não contive o espanto e nem a risada. Disse que não saberia fechar um baseado daquele tamanho.  Ele olhou para a grama, abaixou-se e estendeu a blusa no chão. Depois tocou na grama e ela começou a afundar, virou uma pequena rampa. Em segundos, o beck estava lindamente pronto. Ele mandou-me ascender e eu disse: eu não fumo, cara, não consigo respirar. Com um ar debochado ele lembrou-me que eu já estava morta. Como vou ascender? Eu perguntei. Ele mandou-me assoprar a ponta e eu fiz. Minha boca cuspiu fogo e eu traguei o infinito. Transformei-me numa andorinha e o ouvi gritar que meu tempo era curto. Percorri os céus e, de repente, deparei-me com a poluição do homem. Tinha voltado para a terra e tinha asas. Eu voava na velocidade da luz atrás de ti. Pousei na tua janela e te vi triste e sozinha. Rodeada de livros e sem as minhas poesias baratas para nutrir, ao menos, teu ego. Tu escutavas uma das músicas de amor sofrido que eu havia mandado e não expressava nada, absolutamente nada. Bati as asas, bati no vidro com o meu bico de pássaro e tu me enxergaste. Fiquei tão feliz, mas tão feliz em te ver e ser vista por ti que me esqueci às últimas palavras de deus. Tu levantaste e esticou a mão para me tocar. Quando, finalmente, eu sentiria tua pele, voltei a ser mulher, voltei para a pedra onde Eva sentava sozinha. De cabeça baixa e explodindo de tristeza, percebi que deus se aproximava. O fuzilei com os olhos e ele disse-me que não adiantava. Fiquei muito irritada! Já havia chorado tanto e as lágrimas ainda caiam até no paraíso. Acho que ele solidarizou-se comigo. Serviu-me uma taça de vinho tinto feito de uvas roxas gigantes e mandou-me fazer um pedido. Disse-me para pensar bem. Pensei por muito tempo, mais alguns anos e disse: quero um pênis, mais alguns centímetros, pelos no peito e quero voltar para a terra. Deus balançou a cabeça, fazendo sinal negativo e disse-me, de novo, que não adiantaria. Eu insisti e ele sumiu. Um terremoto começou a desmontar todas as estruturas do céu e eu cai, cai e cai. Quando acordei estava num parque, sem roupas, sem nada, era um travesti. Um policial cheirado gritou para que eu me vestisse e eu o disse que não poderia, pois não tinha dinheiro. Fui presa, estuprada e agredida por muitos. Outros me ensinaram uma porção de coisas. Um mutirão de advogados caridosos me tirou da cadeia. Disseram-me que eu não deveria mais ser uma criminosa. Eu não entendi muito bem, mas evidente que não os contei a verdade. Aceitei todas as recomendações e fui embora. Todos me olhavam feio, mas eu tinha um objetivo. Quando te encontrei, fiquei tão feliz que não me contive. Te abracei forte e quando me afastei, vi tua expressão de nojo. Tu abriste a bolsa, pegou uma nota de cinco reais, entregou-me e partiu. O sentimento do ódio tomou conta de mim, joguei o teu dinheiro no chão e disse que não queria. Teu olhar era de pânico. Tu olhaste na volta e percebeu que estávamos sozinhas e, como de costume, fugiu de mim. Eu te segui, pedi que esperasse, mas quanto mais eu falava, mais tu corrias. Eu corri também e então tu começaste a gritar. Eu te peguei forte e tapei tua boca, disse que não te machucaria. Te beijei , mas não senti nada, total, aquela boca não era minha. Arranquei tuas roupas e tu começaste a chorar. Eu expliquei que precisava daquilo, mas nada te acalmava. Então, quando segurei teus seios, ouvi um grito e depois não ouvi mais nada. Estava, novamente, no céu, na maldita pedra do paraíso. Ouvi os passos de deus e perguntei o que havia acontecido e ele me disse que um homem bondoso e corajoso, que te comeria mais tarde, tinha me matado. Eu achei toda aquela experiência um saco, uma balela sem fim. Falei para deus que estava cansada e que, se estava morta, não deveria estar cansada. Pedi um cigarro, mas um cigarro de tabaco e mais uma taça de vinho. Bebi e fumei por mais alguns anos, fiquei muito introspectiva. Deus deve ter passado pelo que eu passara porque tentou inúmeras vezes ser meu amigo, mas eu estava cagando e andando para ele e para todos. Aquele céu era um saco, não tinha noite, nunca chovia. Era uma perfeição aborrecedora. Eu já estava enjoada daquele vinho tão nobre e vomitei por todo o paraíso, cuspi em alguns anjos loirinhos, debochei dos aleijados e deus me expulsou de lá. Fui para o inferno e achei luxo. O diabo me odiava, ninguém fingia interesse na minha história de amor chata. Tudo era sujo, todos eram sujos, eu era suja, uma igualdade absurda. Uma noite, resolvi falar com o diabo. Ofereci minha alma para ter teu corpo. Ele riu da minha cara e me indagou o que ele faria com ela e mandou-me a merda. Eu concordei , não tinha como descordar mesmo. O inferno era muito quente e eu comecei a sentir falta da temperatura ambiente e até do frio. Pensei numa maneira de voltar à terra. Tinha que ser algo muito brilhante: se eu fosse boazinha, ia para o paraíso novamente. Então comecei a conversar com todos, uma espécie de terapeuta. Revindiquei direitos de saneamento básico e qualidade de vida. O diabo ficou puto comigo e me chamou para uma reunião. Disse-me que, ali, quem mandava era ele e que espíritos não egoístas seriam banidos. Eu o enfrentei, ele fez um tsunami, tomei alguns litros de água, ondinhas de nada eu exclamei. Ele perguntou quem eu era para afrontá-lo e eu disse meu nome. Ele disse-me, então, volta para o paraíso sua chata e eu gargalhei. Fiquei do tamanho dos Andes e o disse: isso tudo foi feito com um interesse, seu babaca! Pronto, voltei pra terra! Tudo tinha mudado muito, só que não. Na verdade, todos estavam velhos e enrugados, inclusive eu. Acordei num hospital psiquiátrico com um diagnóstico de esquizofrenia. Devia ter uns 60 anos. Tomei todos os remedinhos para me adaptar ao sistema fajuto e tive alta. Pedi para minha neta levar-me até tua casa e não moravas mais nela. Fiquei maluca e demorei alguns meses para saber teu paradeiro. Quando descobri, afundei na merda mais uma vez. Tinhas morrido. Sentei na cadeira de balanço que havia sido da minha avó e repensei tuas atitudes para saber se estavas no céu ou no inferno e mais uma vez morri por ti. Quando passei pelos portões da entrada do paraíso, deus sorriu e me deu boas vindas. Eu o abracei forte, gostava do cara. Ele perguntou por onde andei e eu disse que ele sabia, ora bolas, deus não sabe de tudo? Sentei-me na pedra outra vez só que dessa vez ela era bendita, me senti bem em estar lá. Alguns dias se passaram e eu me controlei para não perguntar de ti, mas - daí – deus me ofereceu uma tequila. Muito bêbada eu o indaguei com o cu na mão, se tu tivesses ido para o inferno... ai! Ele bateu palmas e parabenizou meu esforço por não ter perguntado antes e gritou teu nome. Lá estavas, linda como o dia que te conheci e como todos os outros que te vi. Vieste sorrindo e pegaste um copo de bebida. Ficamos conversando por anos e anos, frente a frente. Deus não nos deixava em paz, sempre na volta incomodando, um merda. Eu o chamei num canto e perguntei se dava para ele vazar dali por algum tempo. O filho da puta baixou a cabeça e disse que não era permitido sexo entre duas mulheres no paraíso, que não era uma regra dele, mas de cima. De cima de quem, eu gritei, quem está acima de ti, seu viado?! Ele perguntou se eu queria ir para o inferno novamente e lembrou-me que tu não irias. Eu sentei na pedra que voltou a ser uma pedra maldita. Teus olhos me chamavam para perto, tua pele transpirava um cheiro tão bom... Cheguei à conclusão que a única saída que tínhamos era matar deus. Falei isso e tu ficaste um pouco assustada e me indagou como eu faria. Eu disse que não sabia, mas que daria um jeito. Caminhei por anos atrás da planta noz vômica. Quando a encontrei, extrai dela toda a estricnina que podia e voltei. Abracei deus, um abraço sincero, te olhei forte e pedi uma bebida para comemorarmos a minha tão esperada e imposta aceitação do destino. Trouxeste uma cerveja de trigo maravilhosa e começamos a beber. Deus já estava meio borracho e nem percebeu o pozinho branco na taça. Antes de morrer ele apertou minha mão e disse invejar-me. Mandou-me fazer valer a pena todo aquele esforço, eu pedi desculpas e quando fui justificar aquele ato, ele caiu duro na grama. Caminhei na tua direção e te beijei, beijei muito. Tua boca, teu pescoço, tuas mãos. Fiquei meio sem saber o que fazer, então, tu fizeste tudo. Me comeste por anos, em todos os cantos do paraíso e ficamos juntas para sempre.


(escrito no mês de julho/2012)



EU SOU A MOSCA QUE POUSOU EM SUA SOPA !


já já te escrevo e cesso tua ânsia de mim 

não é que não me queiras 
- não não não - 
                                                               não queres a ti mesma!




terça-feira, 14 de agosto de 2012

ven conmigo

Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim”.

"Portanto, mesmo que você cometa a vileza de me deixar sem resposta, num outro de repente a gente se encontra numa esquina, numa praia, num outro planeta, no meio duma festa ou duma fossa, no meio dum encontro a gente se encontra, tenho certeza."



Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias. É agora que quero dividir maçãs, achar o fim do arco-íris, pisar sobre estrelas e acordar serena. É para já que preciso contar as descobertas, alisar seu peito, preparar uma massa, sentir seus cílios. Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar. Não negue, apareça. Seja forte. Porque é preciso coragem para me arriscar num futuro incerto. Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados. É preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos e chocolates. Apague minhas interrogações.


"Acho que fiz tudo do jeito melhor, meio torto, talvez, mas tenho tentado da maneira mais bonita que sei."
CAIO FERNANDO ABREU
                        Tão bom quando encontramos já prontinho o que gostaríamos de dizer. Sempre achei o Caio F, um chato. Um romântico chato. Gosto dessas mudanças drásticas de opinião. Será que eu, agora, sou uma chata? Prefiro isso!Me alegra a ideia de que lês o que escrevo aqui. Sei lá, as vezes penso que mexo contigo fortemente. Que tu não encostas, não te aproximas porque sabes, tão bem quanto eu, que encaixaríamos. Eu queria te dizer algumas palavras olhando bem dentro do teu olho pra desconstruir esse abismo da falta de intimidade. Impossível que não me leves a sério. Eu aceito qualquer uma das projeções menos a que prega a tua falta de crença no meu sentimento. Ele existe. Está aqui. Anda comigo diariamente, me acompanha desde que o sol nasce até o momento em que ele se despede no céu.Eu penso em ti de uma maneira tão pura que não entendo como isso poderia ser questionado. Eu queria te abraçar forte por alguns segundos, sentir teu cheiro, cessar a minha dúvida quanto o teu cheiro e te mostrar que o que tenho em mim - que é teu- é bom! Não tem porque pegar todo esse sentimento e por no lixo. Não tem mesmo! Guarde ele numa lembrança boa, ao menos. Não tem porque fugir, não há nada a temer. Devemos temer a vida sem tentação, eu te diria- se pudesse. Mas não posso, então escrevo. Outra coisa que não podes pensar é que não tive coragem de te pegar pelo braço e te dizer, no mínimo: isso é realidade, embora eu tenha utilizado o meio virtual. Não foi falta de coragem, não. Foi excesso de respeito, de amor. Nunca pegaria do teu braço, nunca te deixaria constrangida com essa coisa toda que eu sinto e tu não queres. É o princípio, né? Respeito. Eu o tenho tanto por ti que até esqueci de me respeitar e, aí, falhei, mas nunca tive a intenção de acertar sempre. Mas eu cuidei do teu nome, cuidei de ti, cuidei do meu amor, sem saber que não estava cuidando de mim. Sinto uma dor forte no peito, uma espécie de facada no meio do coração, quando escuto pessoas falando mal de ti. Olha, eu te entendo, mas tu precisas confiar em mim, deixar pra lá a lógica, os conselhos furados e encostar. Eu não te morderei, se não quiseres. O mais louco é sentir pulsando a impressão de que precisas de mim, de que eu posso te fazer feliz e melhor. Porque, de repente, eu te ajude a compreender o que não compreendes, todos esses medos que sinto vindo de ti, todas essas fugas. Se tu entras aqui e estás lendo isso e estás pensando que sou uma louca, uma maluca, pensa com leveza, fecha os olhos e reflete: porque entrar aqui se não há vontade de nós, de mim em ti, de ti em mim, de uma cerveja- ao menos.? Alguma vontade existe, sim. Se ela está ai contigo, porque não matarmos a minha vontade e a tua juntas? Esquece o resto e vem comigo por meia hora, uma hora, um dia, alguns meses, anos, pra sempre, sei lá, não sei do futuro. Mas vem! Vem comigo que eu te mostro o caminho e coloco meu corpo na frente do teu diante de qualquer risco, diante de qualquer coisa. É assim que se gosta: cuidando. Exatamente como sempre fiz contigo. Até cuidei demais e tudo ficou um pouco vago, um pouco irreal. Zelei demais a tua autonomia, de tal forma que tudo parece uma ilusão. Mas eu tô cansada, visivelmente esgotada. Tô, literalmente, me fudendo, me lixando pro que vão dizer ou pensar. Isso não quer dizer que não me importo e respeito o que tu pensas e sentes. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

na merda...


Eu cobrei um bilhão de coisas sem perceber que, ao impor, perderia o pouco que tinha. Hoje senti uma dor absurda. Passaste por mim, não recebi cara feia e nem sorrisos; recebi indiferença. Todas as outras vezes que cruzei por ti, senti uma espécie de colisão entre loucura e felicidade: teus atos diante de mim me iludiam que, ao menos, eu te deixava nervosa. Não sei bem se por medo ou paixão, mas não sou estúpida! O corpo fala e por mais que as tuas palavras fossem certeiras, teus olhos e teus gestos me diziam o contrário. Hoje não senti nada vindo de ti. Minha amiga disse-me que estavas horrorosa, com um blush roxo que ela pensa ser uma sombra e eu prestei atenção para procurar algo ‘feio’ em ti . Me esforcei pra te encher de defeitos e não consegui. Em segundos, estava babando tua pele branca e teu rosto lindíssimo, nem vi porra de maquiagem nenhuma. Fico pensando se sabes o quanto és linda!? Tomará que o teu escolhido ou escolhida, vai saber, te diga isso sempre. Nem me atrevo a falar do teu corpo a essa hora, com essa quantidade absurda de álcool que tenho no meu sangue. Seria desumano! Se eu pudesse te dizer algo ao pé do ouvido, diria: linda, linda, LINDA LINDA LINDA LINDA... Fizeste algo no cabelo também! Pensei que por ser sexta à noite, alguém desfrutaria de toda a tua produção. Alguém diferente de mim, com mais sorte que eu. Alguém que, talvez – espero que não- nem saiba o quão maravilhosa és. Eu nem sei se és, na verdade, mas na minha fantasia, és. Ando muito desiludida contigo, com a humanidade, com tudo. Ando numa maré tão ruim que até um ovo jogaram no meu carro. Haviam sete carros estacionados e escolheram o meu para avacalhar. Engraçado, as coisas ruins me escolhem, as boas... É!!! Melhor rir do que chorar. Depois do teu fora, passei a ser uma colecionadora de foras. Acabo de tomar um fora absurdo de uma mulher que nem me atrai, mas serviria para me distrair dessa fossa gigante que permaneço, não sei por que, desde que te conheci. Também reencontrei um antigo amor que se dizia “um eterno” apaixonado. Me virou a cara, tratou-me muito mal e trocou olhares com a minha amiga. É, a coisa está preta! Me sinto na música do titãs: o pulso ainda pulsa, só que não! Resolvi dividir apartamento com um homem. Um homem que arrasta pra minha casa, opa pra nossa casa (odeio essa socialização da minha casa), uma mulher por noite. O engraçado é que ele não me vê como mulher, não me olha, é como se eu fosse um amigo dele, um homem. Tu vês, pra ti sou mulher, pra ele não! Recebi também a notícia que minha ex mulher voltou com a ex mulher dela. Que desgraça! Eu a conheci namorando essa mulher, mas era “ a Thais”. Fiz ela me querer e a convenci a viver comigo pra depois devolvê-la a ex. Que coisa! Acabo de gargalhar aqui. Pra completar, todas as minhas amigas viajarão para longe esse final de semana. Dia dos pais, minha filha com o pai que me odeia e eu sozinha, na merda! NA MERDA!
O 'colega de casa' acabou de chegar, com uma mulher horrorosa, tem aparelho nos dentes e fala que nem uma imbecil. Baba em cima dele, os olhos brilham e eu permaneço sentada na minha cadeira, meio ‘ Clarice’, totalmente odiada com a minha noite de sexta-feira. Foram para o quarto, agora escutarei gemidos e amanhã acordarei com ele, me chamando pra tomar café. Babaca! Ontem ele deitou na cama dele, deixou a porta aberta e parecia me esperar. Obviamente que eu não fui! Depois do teu não, passei a ser a pessoa mais pessimista do mundo. Eu também nem o quero muito. Na verdade, queria que alguém me quisesse, já que não me queres. Vou dormir, cansei dessa gente, dessa realidade chata. Mudei de ideia, vou beber um vinho. Meu champanhe acabou. Rá, bebo champanhe na fossa! É legal o ritual, ameniza...Dá a impressão de superioridade enquanto somos inferiores. Deve ser por isso que rico só bebe essa bosta!

Que merda de vida!

obs.: PERDI MEU SACA ROLHAAAAAAAAAAAAAAA! BEBEREI VINHO COM O GOSTO DA ROLHA, DESGRAÇA!

obs.2: virei vinho por tudo...

obs.3: minha cadela foi pro quarto com o casalzinho. Perdi até ela...pqp!

obs.4: é piadinha de deus, só pode! O CARA VEIO ME PEDIR CAMISINHA...

"Eu tô na lanterna dos afogados, eu tô te esperando...VÊ SE NÃO VAI DEMORAR..."




quarta-feira, 8 de agosto de 2012





Que a gente na vida foi feito pra voar
E o vento que bate pra a gente se secar.

domingo, 5 de agosto de 2012

Projeções!

Vou projetar teu esquecimento. Vou sumir, projetando que nem te darás conta. Eu acreditarei nisso.  Vou ler Albrecht e mudar minha visão, vou aprofundar meu conhecimento e escrever uma tese que nunca será lida por ninguém. Vou desligar as máquinas, desligar as conexões. Pisar forte no chão e viver a realidade nua e crua de que não me queres, nunca quiseste e não vais vir ficar comigo. Pode ser que funcione, mas como o que aconteceu até agora, é uma projeção!  Não pensar é naturalmente pensar e quando penso em te esquecer, inevitavelmente estou pensando em ti. Não interessa o sentido dado, interessa a essência que, no meu caso, intrinsecamente és tu. Não escutarei mais os lamentos dos companheiros que viveram ou ainda vivem essa maldita situação. Sem músicas de amor, que é o amor, senão o que criamos para fugir de algo interno que nos atormenta? Que é o amor, senão uma ilusão exacerbada de que outra pessoa nos salvará do nosso próprio carma? Que é esse sentimento tão poético, tão desejado, senão a necessidade de não pensarmos a vida real, exatamente como ela é? Uma espécie de martírio sem fim: tudo esteve errado, permanece errado, permanecerá errado, mas continuaremos vivos até morrer. Temos duas mãos e achamos que se tivéssemos quatro mãos, as coisas se tornariam mais simples. Quatro mãos, quatro olhos, quatro pés facilitam o trabalho árduo de seguir fazendo o que não tem sentido. Duvido que seja esse o propósito. Quer dizer que evoluímos, viramos seres pensantes para passarmos a nossa vida inteira batalhando por coisas inúteis, por algum mérito patético, por um diploma? Não, a vida dos macacos, aqueles que vivem suas vidas ainda e não foram apanhados pelos homens, me parece bem mais interessante. Dividiram nossas horas em minutos, os minutos em segundos e, simplesmente, controlam tudo. Deram uma explicação, um nome para o que era só mais um dia, chamaram de dia o andar natural das coisas vivas. Não é dia, não é noite. Quem disse que quando o sol se põe é noite? Nomearam tudo, justificaram tudo e seguimos aqui. Acordamos cansados, dormimos pouco, nossos cérebros são amontoados de informações descartáveis. Tudo fruto do tédio! O homem, ser inteligente, não aceitou a ideia simples de que nascemos, crescemos e morremos, e desenvolveu uma teoria complexa que acabou o enjaulando num passar do tempo sem lógica. Evidente que não consigo me livrar de ti. Teu corpo poderia esquentar o meu nas noites curtas do inverno e tua voz poderia me iludir de que estou cumprindo um propósito na terra. Se eu tivesse ao teu lado, aceitaria todas as nomenclaturas, até seria capaz de ser feliz. Poderíamos desenvolver mais uma teoria  para nos convencermos que estamos cumprindo uma função social. Teríamos filhos que vagam pelo mundo a nossa espera, acreditaríamos nisso cegamente, fortemente e viveríamos outra projeção. Uma projeção sem fim, ou melhor, uma projeção que cessaria com a morte. Depois apodreceríamos igualmente aos macacos. Que propósito? Que conclusões podemos tirar da vida, senão que ela acaba? Eu concluo, agora, que – ao teu lado ou não - meu destino é o mesmo, teu destino é o mesmo.  Vamos virar comida dos urubus, se outra ideia criada do tédio humano – as religiões- não desaproveitar essa função, condenando nossos corpos a um caixão.  Prefiro que meu sangue alimente o que ainda está vivo. Prefiro a ideia de que seguirei viva no estômago desse pássaro preto que voa pelos céus sem o peso do relógio, sem a cruz da inteligência que, na verdade, é a prova da burrice humana. Pensar antecipa o fim, pensar deixa triste, pensar afunda. Por pensarmos tanto, somos preguiçosos, somos tão acomodados. No século atual, o homem – preocupado com o caos da globalização- cria incessantemente teorias para justificar seus atos desumanos que nasceram da preguiça: vamos ter conforto em cima dos que não terão conforto, vamos ter água numa torneira porque muitos morrerão de cede, teremos – também- um objeto com rodas para nos levar a lugares na esperança de ver algo interessante que jamais refletirá nos nossos espelhos. Os sonhos, que nada mais são do que o descanso de uma cabeça que não sabe ter paz, viraram cifrões, mansões. Desejamos qualquer coisa que amenize e justifique nossas atitudes. A meritocracia nada mais é do que o nome dado para nos convencer que – embora sejamos seres inteligentes- ainda vivemos a lei da selva. A palavra força foi criada no intuito de incentivar uma competição fria e calculada entre todos, absolutamente todos que estão vivos. Competimos o tempo todo, somos leões bem alimentados, mas incrivelmente entediados. Daí, quando criamos consciência dos nossos atos vazios, nós ficamos tristes e nos embasamos em qualquer luta que levante uma bandeira humanista que não deixa de ser outra justificativa para seguirmos aqui. De todas as projeções, talvez essa seja positiva. Talvez, mas não deixa de ser uma projeção – a projeção da caridade- para não nos sentirmos tão ruins como, de fato, somos. Cuspimos, esmagamos nossa humanidade diariamente, seja vendo a televisão, seja acessando redes virtuais, seja comprando pão na padaria e depois discursamos numa roda o que devemos fazer para mudar o mundo. Nem percebemos que é uma roda, um círculo hermenêutico e não tem um fim. A única solução é começar tudo de novo, é uma explosão que acabe com tudo, que nos faça andar descalço, plantar nossos alimentos e nos faça voltar a viver no que chamam de barbárie, sem perceber que não há nada mais animalesco do que aceitar, desfrutar, continuar uma trajetória sem nexo, sem sentido – se é que alguma possui- e sem nenhuma humanidade criada pelo homem entediado, insatisfeito, dissimulado, hipócrita diante do fato que viver nada mais é que respirar, se alimentar, matar a sede, sentir calor, frio e caminhar em direção à morte.

Claro que será complicado te esquecer, te deixar para trás. Somos todos nômades que passam pelos lugares, pelas pessoas, usamos tudo e todos e seguimos a estrada sem conhecimento do que virá depois. Eu queria te levar comigo, ter a tua companhia diante do nada que tenho e vejo pela minha janela. Sou humana, penso demais, tenho medo do vazio dos meus dias, do tédio absurdo de existir apenas. Tua boca reproduziu palavras que amenizavam o sentimento aniquilante da impotência, da tristeza por ter consciência. Vai ser difícil, uma espécie de operação: abrirei meu peito para aplicar uma dose altíssima de anestesia no meu coração para seguir viva. Isso me causará uma dor absurda, por isso insisto em te convencer a vir comigo, a viver comigo, pois precisamos de anestésico para seguir no caos. É por isso que a ideia do amor é tão forte, tão importante. O sedativo para aguentar pode vir de beijos, de toques, pode ser um cheiro único que nos dopa e nos faz sorrir. Um beijo é algo maravilhoso, um bisturi não. É por isso, só por isso, que insisto em ti.
Mas não, eu não sei por que isso só acontece com alguns. Outros são obrigados a seguir sem esperança ou a fincarem uma agulha nos seus corações. Eu faço parte dessa lista. Depois da operação realizada, mesmo depois de muito tempo, o músculo que bombeia o sangue pelas nossas veias, nunca mais será o mesmo. É como uma laqueadura, uma vasectomia: um procedimento sem volta. Nunca mais serei a mesma, nunca mais porque vou fazer o caminho inverso do percurso: vou arrancar amor de mim, sendo que ele é o que nos mantém vivos. Me parece sem lógica, tão sem nexo quanto a vida como ela é levada, mas aceito a incoerência por que não tenho outra saída senão aceitá-la. Não tenho outra saída, senão aceitar o fato de que não farás parte da minha vida. Devo respeitar a tua autonomia, tua decisão por mais cruel que ela me soe. Devo partir, devo juntar do chão os pedaços do espelho que projetava um sonho bom. Devo rasgar tuas fotos, queimar teu sorriso, esquecer o contorno do teu rosto que foi plano de fundo da tória que me deixaria em paz e feliz. Tudo projeção para tranquilizar, ao menos, a realidade dolorosa desse mundo.
Estou em procedimento cirúrgico nesse momento, mas vou sobreviver. Vou, pois existirão outros nomes, outra bocas daqui um tempo, eu espero. Esperei por ti por um ano agora espero não te esperar mais para depois esperar outro alguém. A vida nada mais é que uma longa espera. Estamos sempre esperando o momento em que não esperaremos mais; esperamos a morte!