terça-feira, 30 de outubro de 2012

Tu também és de plástico?


Que a vida não te apronte mais...

Hoje eu dormirei ao teu lado. Não te preocupa, não sentirei calores e nem vontade de lamber entre tuas pernas. Hoje dormirei abraçada em ti de modo que essa dor passe. Eu sofri tanto por ti que, hoje, sou forte. Essas pessoas de plástico, descartáveis estão indo para o lixo. 

Vem falar comigo, por favor! Perguntar como eu estou, se eu estou bem. Se tu fizesses isso, eu me ergueria.


Tu não vens...e eu estou indo...
Indo pro bunker.
Vou me alimentar da esperança de um dia te abraçar...

domingo, 28 de outubro de 2012

A noite/1

Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.


Eduardo Galeano

sábado, 27 de outubro de 2012

Eu a quero!




Tenho duas mulheres ao meu lado
Meus braços como um cano de encaixe, as ligam.
O calor do meu corpo serve para mantê-las aquecidas
Tenho duas mulheres, as adoro imensamente.
Cada uma de um jeito distinto
Eu poderia ficar acordada para sempre
De modo que esse momento não passasse
Mas as quero tão bem que me levantarei
Tenho duas mulheres que me amam
Meu desejo de vê-las sorrindo é onipotente
Eu faço tudo por elas, sou delas, porém...

Tenho uma mulher atravessada no meu coração
Ela ocupa espaço por todos os lados
Meu pensamento está nela há tampo tempo
Essa mulher não me permite olhar para as duas mulheres
Que eu tenho nos meus braços
Essas, que imploram os meus abraços, estão invisíveis
Tenho um nome entalado na garganta
Eu tusso, tomo água, provoco o vômito...
Nada faz essa sensação passar
Tenho uma mulher algemada em minhas mãos
Onde toco, a sinto nua.
Se eu soubesse o que fazer
Faria
Eu a pedi que fosse embora
Tenho uma mulher tatuada na minha alma
Mesmo sem vê-la, ela permanece.

Agora...

Duas mulheres me esquecerão
Partirão de mãos dadas, baterão a porta.
Eu as deixarei, não pedirei que fiquem.

Uma mulher fez usucapião do meu coração

Esse momento parece ser o melhor da minha vida
Eu permitirei deixá-lo passar
Abro mão, lavo as mãos, assumo a derrota, entrego os pontos

Uma única mulher é a dona dos meus contos.

Bandeira branca a cima, ajoelho diante da batalha

Uma mulher me fez abandonar a guerra

Porque eu não quero vitórias, mazelas, destaque,

Uma mulher fez-me descer ao bunker

Vou esperá-la sem querer nada

Já que...
nada quero mesmo, ora, além dela!



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

pôr do sol no outono


Eu escorro entre teus dedos diariamente
Entre teus anéis de ouro que não oxidam,
 Mas – no meu coração- há ferrugem.
Vejo o noticiário, olho na minha volta,
Existe alguém como eu?
Talvez tu nem saibas ainda
Eu posso te emprestar meu bisturi
Essa cirurgia só pode ser feita por nos mesmos
E demora.
Entretanto, eu sou capaz de te esperar.

Abra a janela e deixo o sol iluminar tua casa
Apague a televisão, desconecte a internet
Caminhe pelo corredor de olhos fechados
Teu cansaço me corrói
Todas as coisas que tens
Coloque no lixo ou doe para alguém
Tudo que precisas começa com a letra A.
Pedale no gasômetro vendo o sol se pôr
Com o tempo, conseguirás voar.
Teus pés delicados merecem a grama bem mais que esses sapatos caros
Isso só te machuca
Tire os cintos que apertam tua cintura e te moldam
Tua perfeição se dá na imperfeição do teu corpo
Todos os teus detalhes, eu admiro.
Os movimentos da tua boca, a forma como a entortas para sorrir.
Eu preciso de tão pouco para ser feliz
Se teus olhos me vissem com mais de frequência
Se tu os apertasse sorrindo para mim
Me passando qualquer tipo de afeto todos os dias...
Mas a realidade é outra.
E se eu não fosse eu, também não te daria o que queres.
Não usaria gravata e nem esmagaria ninguém por cifrões sem valor
Talvez eu peregrinasse pela África
E transcendesse todo esse amor para alguma causa
Que me fizesse ter, pelo menos, a sensação de que a minha vida não é vã.

Meu pênis emborrachado não é capaz de entrar na competição
Tão pouco eu quero competir.
Eu percebo a deslealdade que há
A pele, nesse caso, é artificial, carece de humanidade.
Minha borracha laranja é bem mais humana.

As crianças sem sapato pela rua são livres
O preço da liberdade é uma vida cheia de riscos e curta
Liberdade não se compra, nena!
O dinheiro é ilusório, dá a sensação de independência, mas só diante das pessoas.
Cada vez mais nos tornamos dependente de coisas.
Eu dirigiria pela America latina no meu carro
Se eu não o tivesse, perderia Caracas.
Perco muito não me adaptando...

De qualquer forma, não estarei ao teu lado.
Todos os pontos de vista, todas as premissas,
Me levam adiante, pra longe de ti.

Minha mão permanece estendida
Mas meu trem já passou pela tua estação!
Se abrires os olhos, me verás no último vagão.
Abra os olhos e vem comigo...
Tudo valeria a pena se tu viesses comigo...
Contigo, minha alma não é pequena!
Minha tristeza é arrebatadora
Nem se eu me submetesse ao diabo da modernidade,
Seria o que desejas.

Eu preferiria ter morrido na dúvida
Do que viver com essa certeza que me mata, baby!
Mesmo assim, ainda assim, eu optaria ver teus olhos de novo e de novo,
como se fosse a primeira vez ou a segunda, mas nunca a última.
Eu percebo a força do que sinto
Quando penso em implorar a deus para que tu venhas ficar comigo.
O desespero da dor
Assemelha-se aos torturados que imploram a morte.
O eco só não funciona contigo.
Bate tua parede de aço e volta amor de mim, pra mim e não por mim.

Dizem que alguém me libertará desse tormento.
Que tormento? Me pergunto.
Te amar é bom, nena, te ver tão pouco é que me mata.
Dá vontade de regredir, de retroagir.
Eu, réu, não tenho esse direito?

Não aguento mais chorar...

Que cor são teus olhos? São castanhos avermelhados ou cor de mel?
São da cor do sol se pondo no outono.

Como eu tenho escolha e posso me abrigar do frio, da chuva,
Tenho o privilégio de odiar o verão e o odeio, sim.
Viver sem ti é um eterno verão de 45º no asfalto.
Tudo queima, nada resolve, por mais que nos acostumemos a dormir suando,
Ás vezes o calor causa a insônia.
Eu me ardo diariamente por ti.

Nem em sonhos mais tu me visitas...
E dizem que os sonhos são o andamento dos pensamentos diários.
Eu não entendo.
O dia começa e tu estás comigo.
Estás sempre comigo, dentro de mim,
E permanecerás...

Thais Dornelles

terça-feira, 23 de outubro de 2012

se eu pudesse...




If I could be who you wanted
If I could be who you wanted all the time

All the time...

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Dulce.

Diante de ti, não sou eu
Sou qualquer um que me domina
E me faz perder o senso, a coragem
Eu me afundo nas tuas palavras
Espero, ansiosa, a pronuncia do meu nome em tua boca
Contorço de agonia e alegria
A inércia das minhas mãos que não podem te acariciar...
E silencio, enfim, para melhor te ouvir.
Eu queria, no momento que estou contigo, te dizer
Coisas do tipo: teu pescoço hipnotiza, não consigo pensar
Ou teu nariz arrebitado é tão lindo

Será que existe um começo numa história sem fim?
Diante de ti, sou mais uma- apenas.
Sem teorias, ideologias.
Me ajoelho e, de cabeça baixa, assumo minha dor

Quando saíres por aí, olha à tua volta
De repente, um bilhete cai do céu
De repente, percebas que o sentimento que tenho
É suficientemente forte para alimentar a fome do mundo
e alagar teu coração de amor

Já gostas de mim, o porteiro percebe.
Poderíamos divagar a história, a política por horas e horas...
Isso é tão raro, flor rara!
Por algum motivo, nos cruzamos e permanecemos perto
Mesmo com toda essa distância que existe entre nós.
Se eu pudesse te soprar um recado,
te diriam que - entre sete bilhões de pessoas -
Eu te escolheria!
Que eu pensaria em filhos, que morreria tranquila se tu fosses à mãe dos meus filhos.

Todavia, minha sentença é viver sem ti.
Eu prefiro acreditar que, num dia de sol ou de chuva, virás.
Eu estarei te esperando,

Thais Dornelles