domingo, 20 de maio de 2012

Sem.




O álcool não alivia; ele faz transbordar.
Eu fugi por horas da realidade
Grande estupidez
Estou só e fragilizada
Não há nenhuma voz, nenhuma mão pra me acariciar.
Talvez eu que esteja confusa, meus amores.
Eu posso ouvir o silêncio impiedoso da noite
A cama vazia
Teu perfume pela casa
Nossa história escrita pelas paredes
Todos os teus sinais anunciam o meu fracasso
Só a lembrança de que te fiz feliz
Pode acalmar o grito do meu coração.
Foi loucura ou o amor se foi?
Esse conjugar dos verbos no tempo errado
Um relógio que apita um não
A gente só queria amor
Tudo que tivemos foi amor
Agora ele partiu pra outro coração
Todos perguntam por ti
Já não preciso chorar baixinho
Pra não te machucar
A vizinhança acordou com a minha dor, amor.
É um coração que bombeia sangue pra dois corações
Enfraquecido, cansado, desgastado
Quer descansar
Dormir até o tempo que não há cobrança
Até o dia que duas mulheres me abraçarem
E me pedirem pra ficar pra sempre na terra do nunca
Será que alguém vai bater na porta com um calmante?
Todos os animais estão na minha volta
Olham-me com a tristeza da saudade
Pura e bonita
De quem é ingênuo e acredita no retorno.
Sentem tua falta, apenas.
Como a ausência da luz diante da escuridão
Todo o barulho que se ouve são os teus passos chegando
Meu doce amor, meu grande amor, minha pequena grande e doce.
Até o deus triste projetado quer me abraçar forte.
É tanta incompreensão pelo ar
Que cada suspiro de certeza é dolorido
O arame farpado da insatisfação cortou nossos planos
E mudou nosso caminho
Dividiu duas almas siamesas que se completavam
Partiu com a fé e despedaçou nossos sonhos
Misturou a fantasia com a realidade
E condenou ao desejo de entrar no túnel do tempo
Pra reescrever esse conto repleto de saudade.
( do que fomos, não fomos, do que seríamos e não seremos mais)
Espero que a pele que te tocar seja terna
E que saiba do teu medo de avião
Que ela encaixe como luva na tua cintura
Num encaixe perfeito feito de imperfeição
Vou pintar minhas memórias com a cor dos teus olhos e cabelos
Fazê-la eterna e intocável
De modo que nem eu a alcance pra não estragar
Vou te amar vivendo, viver te amando
Sem derramar lágrimas de arrependimento
Sem carregar cruzes pesadas nos meus ombros
Tudo é ilusão, pretinha
Até a esperança
Quando a criança partiu de mim
Eu pensei que era cedo demais
Mas já era tarde e proibido sentir medo
Fechei meus olhos e ouvi tua voz
E brotou uma flor linda no meio do deserto
Era preciso te secar para resistir
Aos altos e baixos de me amar
Tudo que tem fogo, queima.
E o frio da minha loucura, te fez bater os dentes.
Tentei te abraçar, mas meus braços estavam congelados.
Petrificados;
virei uma estátua que ninguém para pra admirar.
O presente me chama e me obriga a caminhar pra longe de ti
Mas como João e Maria, vou deixar pistas
Para que um dia voltes para casa.

Thais Dornelles

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