sábado, 31 de janeiro de 2009

Povo cristão!


Leve minha sensibilidade

E dê a um carroceiro!

Raspe meus pelos

E me deixe no frio

Roube tudo que me deixa feliz

E leve pra longe das minhas mãos

Tire de mim

Qualquer ilusão que me faça sorrir

Me deixe vazia!

Oca e sem gosto

Leve também meus olhos

Não quero ver nada

Eu posso me alegrar novamente em vão

Posso mirar alguma mentira doce

Que alimente meu ego

Falando nisso, o leve também!

Este maldito!

Embrulhe minhas culpas

E as jogue aos tubarões

Ou dê a algum padre pedófilo

Assim me sentirei pura!

Totalmente sem pecados

Jogue meus recados perdidos

Diante do povo que não se importa

Coloque meu passado em algum congelador

E depois, taque fogo na minha maior dor

Pra ela derreter

(evidente, desaparecer da minha alma)

Junte toda a sujeira do mundo

E pregue sobre meu nome escrito na árvore morta

Ah, povo cristão!

Que tão má posso ser por ser eu mesma?

Que tão assustadores são meus desejos?

Será muito implorar por algo além de respeito

Então, que carregues meu corpo

Que cuspas no meu rosto na praça imunda

Mas não pense, que me tiraste o gosto de viver

Ou o tesão de ser mulher

Porque, meu bem, é desta forma que saboreio

O verdadeiro gosto do que mais quero!


Thais Dornelles


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