quinta-feira, 1 de outubro de 2009


Eu a olho todos os dias

Eu a sinto!

Se a noite foi cruel

ela balança a cabeça pra frente e pra trás

num ritmo que me culpa

cada movimento seu me conta um segredo sombrio

ela fica ali

parece que nunca dorme

parece que nunca come

quando a noite não foi tão cruel como sempre é

ela me sorri, me abana e me joga com os seus olhos verdes

pitadas pequenas de esperança

certa vez, um louco convenceu a humanidade

de que a loucura se encontra mais nos que julgam não a ter

certa vez, um louco nos fez segui-lo

e manchou seu nome na história pra sempre

me desculpa, era um louco

assim como ela, como eu

e como todos que não usam esse crachá de bom cidadão

como todos que não vão se confessar no domingo

e na segunda, pisam as dores alheias da rua

minha esquizofrenia me faz escrever

a desse louco, o fazia ouvir vozes, caminhar sobre a água

como eu acredito na poesia, a vejo, a sinto, a toco

como ele acreditava no que sentia

de fato, era santo porque afinal

se, não somos o que cremos, o que somos?

Ela, quem é ela?Será que nasceu no chão?

No que acredita? Pelo que vive? Será que sonha?

Se, crê em deus, que deus a ajuda?

Quais seus pedidos á ele?

Uma noite de paz sem violência no seu corpo cansado

Um abraço, um carinho, um pedaço de pão

Um sorriso, minha mão?

Sinto infinita tristeza de ser eu e ela ser ela

E aquele louco ter virado esse símbolo doentio

Infinita tristeza por viver entre esses normais

Há podridão nas mãos de todos

E, nas minhas mãos, há loucura indignação

Não pode ser assim

E ninguém entendeu o seu recado

Porque entenderiam o meu?

Que fé é essa que condena aquela mulher a viver no inferno?

Precisa morrer para ir ao paraíso?

E eu me encontro a onde?

Senão no extremo da lucidez e da loucura humana

Hei de ser louca, ela há de ser sã

Ele há de voltar!

Vocês hão de entender!

Thais Dornelles

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