segunda-feira, 18 de maio de 2009
Minhas descidas ao inferno
Cada dia se tornam mais simpáticas
Afinal, descobri que eu mesma sou o diabo
Eu sou aquela que chega quieta
Mas mesmo assim é vista
Aquela que passa certezas
E deixa alguma coisa, que marca
Uma saudade que não é bem isso
Eu angustio, isso sim
A mim e a todos os pobres coitados
Que me crêem
Sendo que não creio nada e não sei de nada
Eu apenas perturbo quando sorrio
Sinto que o mundo para por alguns segundos
E quem me vê, tenta decifrar
O tempo é curto!
Vejam, há vinte anos me olho no espelho
E ainda não sei quem sou!
Personalidade?
Ora, não passo de um grito,
de uma busca por um suspiro aliviado
Todos fogem dessa dor existencial
Se eu a cavoco, a provoco
Se eu transformo a lama da vida em esculturas tortas
É porque a realidade é constantemente chata
Sem graça, então, tenho que aprimorar
Com um copo de exagero mais três dedos de sarcasmo
E, vejam, tenho uma mentira,
tenho um eu fajuto que faz todos sorrirem
Ou chorarem!
Por isso, alguns me idolatram e outros me odeiam
Aí, apareço sem querer nada, me lixando se tenho
Para aqueles que andam mortos pela vida, querendo e sempre tentando e tentando...
Suicidando o prazer em cada piscada de olhos
Matando o que são para ser o que não sou, o que nunca quis ser!
O cheiro de vida apodrecida me enjoa de longe
e minha ansiedade fica mais insuportável do que é,
quando a minha própria carne se torna medíocre
E me saboto ou me liberto?
Depende!
É claro que serei sempre vista,
Se, ando erguida pelas ruas e minha imagem é clara como o sol
É claro que brilho!
Mal sabem a escuridão, a solidão que sou
Um pequeno pé de feijão fedorento
Que é visto como uma rosa bonita mas cheia de espinhos
Se todos soubessem escutar a noite
E criar no silêncio ou mesmo conviver com o silêncio
As águas seriam ainda totalmente potáveis
se eu aplicasse minhas teorias talvez entendesse
por que hipnotizo!
Tudo falho, não passo de um leite qualhado misturado com açúcar
Uma perturbação...
se eu não fosse uma loucura, nada seria!
E, hoje, o que sou se nunca pude ser eu?
Eu gosto tanto de tudo que não sou
Uma alma tranquila, uma fala serena
É tudo, sempre, desde sempre tão barulhento
Que quando o universo cala
Minha cabeça segue criando e planejando
E eu sempre chego num erro e recomeço já errando...
É uma sequência maldita
Um carma humano de repetir tudo de ruim que me estragou
Não posso ser diferente
E sempre fui
Minha esquisitice é marcante?
Sim, marcou meus passos
Estou sentenciada a ser “a louca”
Os copos, as facas, as cadeiras da casa
Todos voarão quando minha cabeça explodir de tanto ser eu
Porque assim, me reconheço no espelho trincado
Que eu tento colar os pedaços,
Cada vidro no chão é algo de mim que perdi, ou que roubaram
E eu nem me conheci!
Então, eu ganhei um nome, um destino
E pregaram em meu calcanhar um mundo sombrio
Que carrego desde sempre porque não sei andar sem ele
Devo amputar, e caminharei como?
Já não sei viver sem
Não podemos viver sem o que somos
E eu não passo de um rastejo rápido pelo mundo
Porque nunca pude andar de vagar!
Thais Dornelles
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário