eu sou...
quem sou?
se quiser ser ninguém, deixarei de ser alguém?
e se o ninguém que sou
for alguém numa fantasia?
de tanto brincar no espelho
será que virei aquilo que queria
ou será que sempre fui o que sou agora?
paro, em silêncio, e observo meus traços
esses olhos escuros, essas mãos, esses anéis de cipó
creio que, hoje, sou o que sempre quis ser
mas quem mesmo, em mim, eu buscava?
temo nunca ter sido poeta
Não, nunca fui, eu sei.
Pois já que esse é um fingidor
será que a dor que deveras sentia
era tão fingida?
talvez eu tenha sido uma atriz
de um talento tão grande
que atuei em minha própria vida
escrevi minha ruína - não sei ter paz -
para ser forte e vencer-me
Tadavia, não sei ter paz!
agora encontro-me desperta
nem se eu desejasse a ilusão
ela tomaria os meus dias
eu, que sou amor por inteira,
nunca amei, nunca fui amada
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