domingo, 22 de setembro de 2013

teatro

eu sou...
quem sou?

se quiser ser ninguém, deixarei de ser alguém?

e se o ninguém que sou
for alguém numa fantasia?

de tanto brincar no espelho
será que virei aquilo que queria
ou será que sempre fui o que sou agora?

paro, em silêncio, e observo meus traços
esses olhos escuros, essas mãos, esses anéis de cipó

creio que, hoje, sou o que sempre quis ser

mas quem mesmo, em mim, eu buscava?

temo nunca ter sido poeta
Não, nunca fui, eu sei.

Pois já que esse é um fingidor
será que a dor que deveras sentia
era tão fingida?

talvez eu tenha sido uma atriz
de um talento tão grande
que atuei em minha própria vida
escrevi minha ruína - não sei ter paz -
para ser forte e vencer-me

Tadavia, não sei ter paz!

agora encontro-me desperta

nem se eu desejasse a ilusão
ela tomaria os meus dias

eu, que sou amor por inteira,
nunca amei, nunca fui amada








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