sábado, 19 de outubro de 2013

a outra

Hoje a lua impera
Ao meu colo, a esposa – algema, minha amiga
Clama por ele
Todo o seu corpo deseja uma barba
Que roça o pescoço, agora, em outro rosto

É que são unidos e estão longe
Quem está perto é a salsa, uma outra, a cachaça

Eu falo que é uma noite, uma tarde, o pico do sol do verão

É que eu sou, eu sou a...

Eu sou uma hora
Sou um motel, o banco da frente do carro
Passo rápido, sou a (des)importância
Os meus braços prendem abraços segundos
E, num pulo, ele é um gato, eu o telhado.
Ele volta, retorna para casa

É nos braços de ferro que ele descansa
Eu sou a dança
O espaço, intervalo do trabalho

Falei que ela é o ventre
Que abrigou os seus olhos, seu amor

Eu sou o vento, a marca do dente, a dor

Sou nada, o nada que nasce
Da ausência dela

Ela entende, eu entendo,
ele sabe, eu sei e ela? Ela não
Eles passam, passarão – juntinhos -

E eu passo, passarinha sozinha.


Nenhum comentário:

Postar um comentário