domingo, 8 de julho de 2012

Erro


Nossos corpos enroscados
Nosso sangue misturado
Um abajur ligado
Teu corpo suado
Minhas mãos trêmulas
Percorrendo tuas pernas
Entre tuas pernas
Minha boca molhada de ti
Teu pescoço marcado
Teu gemido sussurrado
Tuas unhas cravadas nos meus braços
Tu, envolvida no meu abraço.
Tudo encaixado
O silêncio gritando
Espíritos nos amaldiçoando
O vinho tinto derramado
Minha língua no teu seio
Isso parece ruim? 
Parece errado?
Eu trocaria os nossos nomes
Roads a todo o volume
Lágrimas presas por muito tempo
Tristeza? Não, felicidade!
O quarto pequeno
As paredes exprimindo o sentimento
Os vizinhos ensandecidos
Tuas costas, teus cabelos
Tudo cheirado, beijado
Teus olhos fechados
Somos uma só!
Sou velha, tenho rugas de te esperar
Teu sorriso volta a ser de criança
O tempo é enganado
O diabo nos espia, deus nos inveja
A cama flutua 
Podemos morrer agora
Ou ficarmos mais um pouco juntas
Eu tenho força para te levantar
É tua a voz que quero ouvir
A lua sumindo no céu nublado
O sol não se atreve em aparecer
O relógio nos respeita
Dorme, dorme, agora
Em cima de mim
Teu peso não me sufoca
A tua ausência que me mata
A falta de lembranças, de histórias
Tudo repetitivo...
São sete sentidos e um tem teu nome
Tua pele branca como a neve
Teu coração pulsando gelo
Teu não me levando ao inferno
Teus olhos, cor de néctar virando mel,
Constroem a esperança para acreditar
Pelo que mesmo eu devo me desculpar?
Sou incompleta, somos iguais
É tolice tentar esquecer
O espelho mostra tua tristeza
Teu nome, sinônimo de ânsia,
Me fará companhia até a morte
Tua paixão, minha paixão
O buraco do teu estômago
É a minha vontade de prever o futuro
E te ver nele!
Minha flor tulipa mista coquetel molotov 
Não faz nem cócegas na tua muralha de pedra
Eu visto minhas asas para te alcançar
Tiro os pés do chão, encosto minhas mãos no teu rosto
E o dia desperta!
Nem lembro mais, nem sei mais
Marte é tão longe
E se eu viajasse na velocidade da luz
Teria a tua idade, mas não o teu amor.
E se eu morresse agora
E voltasse no teu ventre
Teria o teu amor, mas não tua paixão
Não tem saída, não tem solução!
Meu corpo, minha prisão.
Meus suspiros me cortam
Eu vejo tantas, não quero ninguém
Eu falo contigo, te espero na escada
Se eu tivesse barba, um violão
Olhos de vidros, carteira cheia
Um título nutrindo meu ego
Tu me olharias?
Tu me darias bom dia?
Talvez se algum ácido percorresse minhas veias
Ou se alguma droga forte me levasse pra longe
O vinho me remete ao gosto da tua boca
Ninguém mais quer me escutar
O hospício me telefona todos os dias
A solidão e a loucura são as únicas que me abraçam, querida!
Talvez tu devesses saber disso
Nem piedade tenho de ti...
Não tenho nada!

Thais Dornelles

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