quarta-feira, 8 de maio de 2013

centésimo poema de amor (sem amor)


relutei para sentar-me nessa cadeira

e escrever o poema cem.

sem ela?
nunca com ela?
ainda sem ela?
sempre sem ela?

não, não são cem poemas de amor
e uma canção deseperada:
são cem escritos desesperados e
uma canção de esperança!

esse aqui, não é mais especial
junta letrinhas que dizem sempre a mesma balela
percorrem ondas magnéticas
são versos aflitos que bucavam um sorriso,
mas só arrombam a porta dela

na medida que o tempo passa,
a madeira vira aço?
a retina fica  esbranquiçada
e nada mais vê?

catarata é ela pros meus olhos!

nada do que escrevo, falo,
a penetra
não, 
meu sexo não permite invasão;
ele recebe.
minha poesia recebe dela,
um banho de água fria
nem um suspiro, nem um ...um..."que lindo"
não serve nem como papinha pra vaidade!
são poemas invasivos, a invadem toda
 e nadam dentro dela até o ar acabar
depois?
morrem afogados, assassinados pela razão!

meu centésimo desabafo,
que bafo!

será que Matilde sorriu?
a Mafalda nem leu.

amanhã escrevo a tal canção de esperança
hoje nada em mim, nem uma titiquinha, acredita
(mentira)

ou, talvez, escreva mais cem bobagens
ora, me atrever a rabiscar sobre saudade!

cem poemas de amor sem amor

formei-me, sou poeta, aquele tal fingidor
diplomado na arte de quê?

que louco...

sabem,
mais louco ainda é que
cem poemas de amor, pra ela,
foram pouco, muito pouco!
tão pouco, que se fossem escritos a punho
virariam folha amassada
jogada na lixeira orgânica
misturada com as frutas estragadas
junto com aquela maçã esquecida
que apodreceu na geladeira
porque nenhuma boca a mastigou.

é, são cem poemas de amor!
sigo sã? algum dia fui?

bato na mesa:
-maldito professor Chico!!
eu, aluna relapsa, estava presente
naquele infâme dia quente
em que ensinastes toda aquela pobre gente
a enchergar na escuridão.




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